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11 de jul. de 2010

A imagem errada da Depressão.

O senso comum comente um crime contra o bom senso quando pratica o reducionismo vinculante entre tristeza e depressão.
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Se isto fosse válido, bastaria a pessoa se alegrar e passaria a Depressão como um passe de mágica. Todavia, não há movimentos espetaculares neste negócio, somente anos e anos de sofrimento, até à morte inglória.


Ocorre-me uma imagem mais significativa da Depressão, como a do sujeito na corda bamba da vida. O depressivo se equilibra precariamente no dia-a-dia da sua sina, enquanto a certeza de cair vai assumindo proporção suficiente para minar o seu espírito.
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Já que a dimensão depressiva vai muito além da dicotomia alegria/tristeza, ocorre-me outra imagem representativa, a do Saltimbanco de máscara sorridente, que se vê obrigado a se expor na sociedade, quando o seu âmago abriga apenas os destroços de um apocalipse nuclear.
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Assim, não importando se você perdeu o emprego, foi promovido, perdeu um ente querido, ganhou um filho, ou mesmo que tenha ganhado na loteria, a Depressão pode continuar a se alastrar silenciosa e onipresente, apesar do largo sorriso na cara, do choro copioso, ou da amargura ressequida.

Como as causas deste mal não foram suficientemente elucidadas pela ciência, podemos conjecturar sobre algumas delas, mais precisamente o estilo de vida moderno eivado de estresses e indutor de hábitos suicidas. Três deles a notar: a perda gradativa da amplitude do ato de respirar, o paulatino voto de sede e a renúncia ao tempo livre.

- respiração: no decorrer da vida agitada, as pessoas respiram cada vez mais superficialmente usando a parte superior do pulmão e entregando a maior área dos alvéolos ao domínio dos gases venenosos;

- sede crônica: a vida moderna aboliu o conceito de tomar água pura, em parte porque haja poucas chances de tal elemento ser encontrado, em parte devido à grande variedade de sucedâneos, tais como refrigerantes, cerveja, sucos e bebidas em geral, que mascaram a sede mas não suprem o essencial, que é a comunhão do organismo com a água, elemento primordial constitutivo de aproximadamente75% do corpo humano. No entanto, com a idade e o agravamento da penúria psicológica, as pessoas vão se desidratando, o que significa que praticamente vão se mineralizando ao longo da vida;

- sem tempo para nada: os anos passam e as pessoas se aguilhoam aos compromissos na ânsia de um dia tudo melhorar. Ledo engano, pois os gastos se avolumam e a necessidade de correr atrás da máquina é a única e imperiosa realidade, enquanto os anos saudáveis passam em brancas nuvens.

A solução para o mal da Depressão, que é uma síndrome de múltiplas manifestações, passa obrigatoriamente por uma mudança do estilo de vida e a reconquista dos três valores fundamentais: ar, água e tempo. A respiração profunda pode ser reaprendida através de exercícios sistematizados, tais como Yoga, Tai Chi Chuan, meditação, etc. A desidratação pode ser combatida através da abundante ingestão voluntária de água pura (não mineral) ao longo do dia.

O mais difícil: a única maneira de obter de volta o tempo perdido para as estafantes ânsias consumistas é aderir à doutrina do menos. A adoção do menor consumo implica na menor necessidade de ganhar dinheiro, o que implica mais tempo livre. Assim, você substituirá a corda bamba da sua vida e a máscara do sorriso falso que escorre, por uma casinha amarela em verdes campos rodeada por uma cerquinha branca.
Casinha com cerquinha branca

4 comentários:

  1. Água, ar e tempo para todos nós. É disso que precisamos! Valeu mesmo! :-)

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  2. E a depressão infantil? Que possíveis causas teria? Que contribuições a herança genética, o déficit nos chamados neurotransmissores teria nisso?

    Obrigada.

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  3. A depressão quando chega vem para ficar.

    Instala-se como se fosse a sua casa não pede licença para entrar, nem tão pouco avisa da sua chegada.
    Entra de mansinho sem dar nas vistas, de tal maneira que quando damos por ela, já se apoderou de nós.
    Aí começa a luta para desaloja-la, só que ela não nos larga assim com tanta facilidade é persistente, teima em não querer sair.
    Então chamamos os nossos “amigos” para ajudar a livrar-nos da intrusa.
    Ora, esses amigos, que são conhecidos por muitos nomes, embora com vários graus de parentesco são todos da família que dá pelo nome de Anti-depressivos.
    São simpáticos, fazendo tudo para mandar embora a Dona Depressão, normalmente vêm acompanhados de reforços os Ansiolíticos.

    Agora, começa a verdadeira batalha.

    A depressão não quer sair, embora seja empurrada pelos nossos amigos que entretanto já engrossaram fileiras, sendo cada vez em maior número.
    Finalmente ao fim de muito tempo, ela lá vai saindo porta fora mas, olhando de soslaio para a janela entreaberta, antevendo desde logo a forma de voltar a entrar.

    Que alívio! Que sensação de bem estar.
    Os amigos começam a partir.

    Quando pensamos que tudo voltou à normalidade apodera-se de nós tamanha saudade que convidamos alguns deles a ficar, pois já não passamos sem a sua presença. Por mais que nos digam que é tempo deles partirem a nossa dependência é de tal ordem que temos de ficar com alguns.
    Até porque quando menos esperamos a dona depressão entra de novo, só que desta vez entra pela janela.


    Tudo volta ao princípio…

    Assina:
    ROMY

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  4. Por trás de todos os tipos de depressão há um mecanismo bioquímico envolvido. A grande discussão científica é sobre quais seriam objetivamente os elementos desencadeadores.
    Quanto às causas, a biologia ainda não conseguiu vincular depressão a mecanismos genéticos específicos.

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