Cheio de curiosidade segui o link que dava numa página do Google Maps e me deparei com a imagem de um pequeno povoado. Até aí, nada de anormal. Seguindo o conselho do Knuttz, fui tirando o zoom e pouco a pouco a verdade foi se revelando, aquele pessoal morava num pequeno povoado na beira de um imenso vulcão de uma ilha-vulcão perdida nos confins do Oceano Atlântico.
Descobri depois, indo ao Google Earth, que o vulcão se tratava de Tristão da Cunha, uma ilha vulcânica que emerge íngreme e inospitamente do mar, é um minúsculo pedaço de terra de apenas 100 Km2, no meio do Atlântico Sul – o lugar mais remoto do planeta.
Turistas posando ao lado da placa de boas vindas que comprova Tristão da Cunha como o lugar mais remoto do Planeta. Note como o nativo não sente frio.
A primeira povoação se deu quando uma guarnição militar britânica foi estabelecida em 1816, com a missão de impedir que os franceses usassem o local como base para alguma possível operação de libertação de Napoleão, exilado na ilha de santa Helena, distante a quase 2 mil quilômetros ao norte.
Tritão da Cunha vista da Ilha desabitada de Nightingale.
O aumento populacional subsequente, aconteceu vegetativamente por gente que se deixou ficar e por alguns náufragos ocasionais que deram com os costados na ilha e acabaram ficando. No recenseamento de 1993 havia um total de 301 habitantes. Neste mesmo ano, uma equipe da Universidade de Toronto foi a Tristão dar continuidade a estudos médicos iniciados em 1961, ano em que a população inteira foi evacuada para a Inglaterra devido à erupção do enorme vulcão que constitui fisicamente a própria ilha.
Uma história curiosa: quase todos os Tristanenses têm asma.
Na primeira visita, os pesquisadores constataram a altíssima incidência de asma entre os tristanenses: cerca da metade dos habitantes tima histórico de asma. Ao elaborarem a genealogia das famílias locais, não foi difícil descobrir que todos os moradores eram descendentes de quinze colonos originais. Assim, as suas linhagens estavam intimamente inter-relacionadas. Supostamente a asma fora introduzida na ilha por duas mulheres lá chegadas em 1827.
A dádiva de Tristão da Cunha ser o local mais isolado da terra habitado por humanos fez a alegria dos caçadores de genes: a ilha toda é essencialmente uma grande família estendida e por isto, os genes causadores de qualquer enfermidade observada num grupo de tristanenses, podem ser encontrados em todos os demais habitantes. As pesquisas genéticas relatadas por James D. Watson, um dos descobridores do DNA, prosseguem até hoje em outros povos isolados e geneticamente “puros”, tais como na Islândia.
Tristão da Cunha nos dias de hoje.
Depois da erupção do vulcão em 1961, os insulanos exilados na Inglaterra resolveram voltar à sua pátria, deixando para trás a memórias de uma realidade completamente diferente vivida nos tempos em que ficaram sob a hospitalidade da terra da Rainha. No retorno, começou um período de relativa prosperidade com a reconstrução do porto em 1965.
Em 1966, trinta e cinco insulanos decidiram voltar para a Inglaterra, por terem se desencantado com a monótona vida que se leva na ilha. Eles viajaram no mesmo navio que trouxe de volta os Tristanenses, o MV Boissevain. Atualmente, Tristão está inserida nos roteiros dos transatlânticos, que frequentemente atracam na ilha. Em 1979, o Queen Elizabeth II fundeou próximo a Tristão, mas infelizmente, as terríveis condições dos mares do sul dificultam tanto as operações de transbordo dos turistas para terra firme e vice-versa, que a indústria turística local tem dificuldades em se fortalecer.
Os “turistas” mais freqüentes a aparecerem em Tristão da Cunha são pinguins que surgem aos magotes.
De qualquer maneira, visitar Tristão é uma experiência única, pois quem tem a oportunidade de lá chegar, se depara com uma estrutura social única no mundo: um pequeno povo branco vivendo em muitos aspectos sob um modo de vida do século XIX, apesar de terem incorporado alguns melhoramentos tecnológicos modernos, tais como estação de rádio, um café, uma locadora de vídeo, supermercado, Internet e piscina.
Rádio de Tristão da Cunha.
O pacato locutor da rádio local.
O local é tão remoto, que somente uma vez por anos recebe a visita do navio-correio, o RMS St. Helena, quando traz cartas, comida enlatada, vídeos, livros, revistas, medicamentos e, ocasionalmente, um visitante.
Os "famosos" barcos de pesca de Tristão da Cunha.
Uma turista posando ao lado de um pescador local.
A população da ilha é composta tão somente de sete famílias:
- Glass: descendentes do primeiro militar aquartelado na ilha em 1814, o escocês Willian Glass;
- Swain: descendentes do colono inglês Thomas Swain, estabelecido em Tristão em 1821;
- Rogers: descendentes do colono Americano chegado em 1836;
- Green: descendentes de Peter Green, um náufrago holandês originário Katwijk na Holanda, chegado em setembro de 1836;
- Hagan: descendentes de Andrew Hagan, um caçador de baleias Americano, chegado a Tristão em fevereiro de 1849;
- Repetto: descendentes de Andrea Repetto, um marinheiro italiano de Camogli (perto de Gênova), naufragado nas proximidades de Tristão em março de 1893;
- Lavarello: descendentes de outro marinheiro italiano, Gaetano Lavarello, também originário de Camogli, náufrago chegado a Tristão da Cunha em março de 1893.
Dois sorridentes administradores da ilha.
Fontes:
Livro: DNA, O Segredo Da Vida, de James D. Watson. Companhia das Letras, 2005.
Site Oficial de Tristan da Cunha.
Fotos:
Royal Navy.
Chris&Steve.
Travelpod.
Tristan da Cunha.
ótimo post.
ResponderExcluirMuito bom!!!! Depois de ler akele post tb fui pesquisar um pouco sobre a ilha heheheh, é realmente muito interessante.
ResponderExcluirVlw aeh!!!
Edgar Allan Poe faz mensão à ilha
ResponderExcluirem seu livro O RELATO DE ARTHUR
GORDON PYM.
MARCELO JUREMA
Como será que é a divisão de trabalhos por lá e alimentação? Vivem da pesca ou cultivam animais terrestres também?
ResponderExcluirComo é a distribuição de trabalhos por lá? E a alimentação, eles vivem da pesca local ou cultivam animais terrestres (para consumo)também?? Fiquei muito interessante para conhecer a ilha.
ResponderExcluirDan, aparentemente eles sobrevivem de atividades relacionadas ao mar e ao forte subsídio ganho por gozarem do status de cidadãos do Reino Unido.
ResponderExcluirVocês repararam que o nariz dos dois administradores é idêntico? assim como as linhas da bochecha, olhos e sobrancelhas? Provavelmente essa deve ser outra peculiaridade do povo da ilha; várias pessoas muito semelhantes. Talvez isso explique quando viajamos para outros países e nos deparamos com sósias de amigos, conhecidos ou familiares nossos.
ResponderExcluirParece que hoje (27.01.10) houve um terremoto na ilha, que por ser vulcânica devem ser constantes.
Aliás, creio que se um forte terremoto ocorrer por lá, o mesmo possa causar um tsunami na costa brasileira, não é mesmo. Abraço e felicidades à todos.
Marlon Mendes
Canoas/RS/Brasil
é verdade, um é o outro do sexo oposto.
ResponderExcluirCOMO FAÇO PRA VISITAR ESTA ILHA? SÓ CRUZEIROS? seria muito interessante um passeio por esses tipos de ilhas.
Há um tour marítimo de 30 dias por várias ilhas, incluindo Tristão da Cunha, que parte de Argentina. http://www.argentinianexplorer.com/portuguese/cruzeiro-antartida8.asp
ResponderExcluirquero conhecer esta remota ilha como fazer
ResponderExcluirA maneira mais fácil de conhecer a Ilha de Tristão é contratando um cruzeiro marítimo, tente a Argentian Explorer, URL no meu comentário anterior.
ResponderExcluirquero conhecer esta remota ilha
ResponderExcluirJá agora...esta ilha foi descoberta ou "achada" pelo navegador português Tristão da Cunha em 1506.
ResponderExcluirUm abraço a todos.
Esta ilha remota a meio caminho entre África e América do Sul, tem alguns problemas de consanguinidade como a asma e o glaucoma. Mas tem seguramente o encanto da sua estrutura social e o romantismo de se encontrar perdida no meio do oceano.
ResponderExcluirUm abraço
Jorge
www.forumdomar.com
Como fazemos pra morar lá quero morar la em Tristão da Cunha.Eu falo inglês. alguém pode me levar pra lá por favor.
ResponderExcluirPrimeiro você tem que tratar de visitar Tristan da Cunha. Este site mostra como: http://www.fco.gov.uk/en/travel-and-living-abroad/travel-advice-by-country/south-america/tristan-da-cunha
ExcluirEm chegando lá, pode entrar em contato com os nativos para saber da possibilidade de estabelecer moradia.
muito obrigado.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirEu achei mt interessante e legal amei as imagens!!!
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