As obras que consagraram Piet Mondrian são o testemunho disto na época em que o artista se serviu dos reflexos encontráveis na natureza. Através da análise da série temporal de uma exposição itinerante que percorre a Europa, percebe-se que o artista foi ampliando e depurando pouco a pouco os reflexos na água, até que sobrou a essência da forma dos seus famosos retângulos de cores primárias.
A evolução deste processo resultou no caminho arte moderna ter seguido na direção do ultra-realismo e o concretismo, uma forte razão para se socorrer dos abundantes materiais urbanos. Assim, a arquitetura prolixa de Nova Iorque, especificamente as formas refletidas nas fachadas dos prédios, serviu de substrato concreto para as visões abstratas plasmadas nos painéis da artista americana Pamela Lawton.
A partir de imagens colhidas em 1997, as duas torres do World Trade Center foram retratadas, não em sua dimensão estrutural, mas sob as distorções observadas nos seus milhares de vidros, ondulações, descontinuidades luminosas, rápida passagem de elevadores panorâmicos e imagens dos prédios limítrofes que induzem a desorientação espacial.
Mesmo que o WTC tenha implodido sob os ataques terroristas de 11/09/2001, a luz que refletiam foi capturada pela sensibilidade artística e aprisionada em grandes painéis atualmente em exibição numa galeria de Nova Iorque (Maiden Lane - East Lobby, 180). Segundo o site da pintora, a exposição teve o seu prazo prorrogado até 9 de maio de 2009.
As impressões oriundas do reflexos sobre a água, vidros e espelhos têm sido um leitmotiv recorrente na história da pintura, a exemplo de uma obra da fase figurativista daquele que se tornou o maior pintor abstrato de todos os tempos: o holandês Piet Cornelis Mondrian; o moinho sob a luz do sol.
Foto: Artchive.
O abstratismo atualizado ao mundo contemporâneo, requer a abordagem do fenômeno efêmero dos reflexos vistos da rua, usando os recursos digitais disponíveis. Assim, a visão ampliada o pintor transforma as cortinas de vidro que compõem a paisagem urbana da ilha de Manhattan em férteis motivos de intricados padrões de linhas, cores e padrões, que já são em si mesmo pinturas abstratas e fluídicas.
Pamela capta a vertiginosa verticalidade da arquitetura urbana da megalópole e a reinventa em gigantescos mosaicos feitos de painéis compostos por 30 telas de quase 1 metro por um metro.
Fontes:
Site oficial de Pamela Lawton.
Window Collection III by Pamela Lawton.
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