Mesmo sendo regiões completamente desabitadas, há um constante tráfego de navios cargueiros que fazem a rota de ligação entre o ocidente e o oriente pela rota polar. Atualmente a navegação nas águas geladas do oceano ártico é feita através de sofisticados sistemas de localização por GPS e outros balizamentos eletrônicos. Todavia, durante os anos de ferro do império soviético, não havia sistemas de localização por satélite.
Assim, o partido comunista da União Soviética decidiu o estabelecimento de uma rede de faróis ao longo das longínquas praias desabitadas que fornecessem sinais visuais e radiofônicos aos navios que singravam os mares árticos nas longas noites polares. Vários faróis foram erguidos, mas havia um problema: eles deveriam funcionar em regime desatendido e com manutenção zero, isto porque, por se localizarem a milhares de quilômetros longe das áreas povoadas mais próximas, era humanamente impossível alojar faroleiros permanentes que operassem os equipamentos, devido à severidade do clima de regiões mais inóspitas do Planeta.
Depois de analisar as diferentes alternativas que atendessem à demanda de funcionamento por anos sem a necessidade de manutenção e sem fonte de energia esgotável em curto prazo, os engenheiros soviéticos decidiram implantar reatores nucleares que alimentariam os faróis. Então, foram desenvolvidos especialmente para este fim reatores atômicos pequenos e leves que pudessem ser facilmente transportados às terras polares e içados nas respectivas estruturas.
Os pequenos reatores funcionaram de forma autônoma ao longo de décadas, sem necessidade de qualquer intervenção humana, prestando seus serviços devido à impraticabilidade de deslocamentos periódicos de equipes de manutenção. Os faróis eram dotados de tecnologia suficiente para desempenhar autonomamente determinadas tarefas, através de sensores eles captavam a luz ambiente, o que os capacitava a ligar e a desligar o holofote do farol de acordo com as condições de naturais de iluminação.
Em situações de neblina ou nevascas, eles transmitiam através do rádio sinais de alerta às embarcações próximas. Tudo isto, por mais que pareça ter saído de um enredo de ficção científica, realmente aconteceu no tempo da guerra fria, numa época em que a robótica recém engatinhava.
Com o colapso da União Soviética houve um problema, os faróis-robô continuaram funcionando por algum tempo, até entrarem em colapso. A causa foi a mais prosaica de todas: o vandalismo. Com o decorrer dos anos, eles foram sendo aos poucos saqueados por ladrões de metais e destruídos por caçadores de coisas abandonadas. A grande tragédia destes faróis atômicos foi provocada pela ignorância dos vândalos, já que eles não se intimidaram perante as etiquetas amarelas que estampavam o aviso de “Perigo Radioativo”.
Os vândalos, ao ignorarem todos os avisos, quebraram e destruíram o equipamento e levaram o que puderam, deixando para trás as coisas inúteis ou pesadas demais. Por mais que pareça estúpido e bizarro, os saqueadores marretaram os reatores e os reduziram a pedaços, fato que transformou todas as antigas construções dos faróis-robô em perigosos sítios de contaminação radioativa.
Fonte:
English Russia: Abandoned Russian Polar Nuclear Lighthouses.
Muito interessante, o post. Dizem que cerca de 80 mini-ogivas nucleares (que cabem em maletas 007) desapareceram dos quartéis russos. Na ocasião do roubo, a polícia russa chegou a encontrar ogivas no quintal da casa de um soldado. Os soldados não recebiam o soldo regularmente, e contrabandeavam armas para comprar comida.
ResponderExcluirA Rússia em sí, é um paraíso para caçadores de recordações abandonadas.
ResponderExcluirÉ questão de você andar e encontrar bases militares, helicópteros, galpões que após a queda da URSS foram completamente abandonados pelos militares e saqueados por eles mesmos e civis curiosos.
ótimo post.
abraços
Ótimo post. Bem informativo.
ResponderExcluirPost muito bom realmente eu não conhecia estes farois.
ResponderExcluirparece até coisa da dharma.
Gostei muito do post!!!! Massa demais!!
ResponderExcluirsimplesmente você tem uma redação perfeita, alem de aborda sempre assuntos interpresantes.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio sobre o acerto da redação. Na verdade, este mesmo já se achava "traduzido" em outro blog tupiniquim, mas tão pessimamente traduzido que resolvi publicar a minha própria versão para que não se perdesse o original em inglês publicado no site russo. Também é verdade que o texto em inglês é um tanto quanto chinfrim, aí tive que dar algumas turbinadas aqui e ali para arredondar a coisa que estava russa. hahaha
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