Tentar vislumbrar o futuro sempre foi um grande anseio do homem e, mesmo diante dos repetidos fracassos do passado das previsões sobre o 2º milênio, não cessamos as tentativas de enxergar mais além, onde só há a nebulosidade da nossa ignorância.
No entanto, podemos observar algumas tendências muito bem delineadas na maneira como o futuro está sendo unanimemente pensado, e quiçá, algumas iniciativas práticas já começam a ser implementadas.
Parafernália eletrônica pessoal: tende cada vez mais a se integrar ao corpo. Os mais exaltados pensam que brevemente termos à disposição chips, implantáveis subcutaneamente, com os gadgets que atualmente carregamos nos bolsos e bolsas. A coisa já começou com chips de rastreadores médicos e localizadores pessoais.
Automóveis: aparentemente chegou ao fim a era do carro que dá prestígio social. Cerram-se as cortinas para os carrões americanos beberrões de petróleo e abre-se um mundo de necessidades para os carinhos com emissão zero de carbono, econômicos e eficientes no gasto de energia.
Casas: antigamente a maior idéia de futuro era a construção de casas tecnológicas. Hoje, a palavra de ordem é a casa auto-sustentável: geração de energia, capacidade de coletar água da chuva, tratamento de resíduos, etc.
Cidades: é preciso combater a atual unidimensionalidade no uso dos espaços urbanos. Os espaços já ocupados deverão ter multidestinação, além dos estratos atuais, novas camadas devem ser adicionadas, analogamente ao que acontece ecossistemas de recifes de corais.
Televisão do futuro entre a bizarrice da Toshiba e a holografia.
A pergunta é: isto é um passo gigante da indústria do entretenimento doméstico? Se for, é uma das coisas mais bizarra que se cogitou em matéria de vídeo. Este capacete gigante desenvolvido pela Toshiba – que fica a meio caminho entre capacete espacial e alguma espécie assustadora de secador de cabelos industrial – é o protótipo de visor de imagens tridimensionais de 360 graus.
O certo é de que lá para cá, não se falou mais nisto, pois as pesquisas derivaram para coisas mais factíveis tais como a geração de imagens em 3D através do sistema holográfico.
Automóveis engavetáveis do futuro para resolver a falta de estacionamento.
Não há urbe atual que não tenha problemas de espaços de estacionamento. Os governos dos países empurram o problema com a barriga, ao invés de investirem pesadamente em transporte público. Assim, o transporte individual é a única alternativa real de locomoção nas grandes cidades industrializadas, já que se todos deixassem seus carros em casa, não haveria cidade no mundo com sistema de transporte coletivo capaz de absorver o excedente de passageiros.
Então, sabendo-se que num futuro próximo é impossível equacionar o déficit crônico de vagas no transporte coletivo, as projeções realistas se voltam para o desenvolvimento de carros que ocupem menor espaço nos estacionamentos. Recorrendo à filosofia do carrinho de supermercado, cogita-se a fabricação de automóveis “engavetáveis” com suspensão traseira deslocável que permitirá o estacionamento do veículo na posição quase vertical.
Tais carros do futuro serão equipados com motores elétricos e terão capacidade de manobra de 360 graus. Eles estão sendo pensados primariamente para atender às necessidades de deslocamento entre as estações de metrô e as residências das pessoas, com uso essencialmente urbano.
Telefones celulares polimóficos do futuro.
Não se sabe ao certo qual será o aspecto dos telefones celulares do futuro, mas por ora a Nokia propõe um exercício imaginativo com o seu Morph, o telefone polimórfico. O protótipo apresentado no início 2008 é esticável, flexível e deformável, que permite ao usuário usá-lo de infinitas formas possíveis: poderá ser dobrado em pulseiras, esticado em forma de tela de computador, etc.
É a nanotecnologia permitindo o desenvolvimento de materiais altamente flexíveis e transparentes, capazes de conter componentes eletrônicos.
Casas flutuantes do futuro não agressivas ao meio ambiente.
O grande ônus ecológico ocasionado pelas atuais construções humanas é o impacto causado por elas principalmente em zonas de preservação ambiental. Então, a solução é construí-las totalmente integradas à natureza, sem que seja necessário derrubar uma única árvore. Este é o escopo deste ambicioso projeto que prevê casas do futuro flutuando sobre as árvores, feitas de estruturas pré-fabricadas e com áreas distribuídas de tal forma, que o entorno não seja prejudicado.
Além da almejada não agressão ao ambiente natural, as casas terão sistemas de coleta de água e serão equipadas com cataventos turbinados para gerar a própria eletricidade. Esta é uma tendência unânime presente nas atuais previsões futurísticas; a concepção de projetos auto-sustentáveis em termos energéticos e tratamento de resíduos.
Landscript, a cidade do futuro para o aproveitamento de espaços atualmente degradados com destinações industriais.
Duas grandes tendências dicotômicas pairam sobre o futuro das cidades: ou elas irão na direção apontada pelas torres gigantescas previstas para a cidade de Dubai, ou enveredarão pelo caminho mais ecologicamente correto da remodelagem das atuais urbes, com o intuito de reorganização dos atuais espaços ocupados, para que sejam multidestinados. Espero que triunfe a segunda alternativa, num mundo que cultive mais respeito pela natureza.
As áreas industriais das cidades atuais são grandes espaços degradados e desperdiçados para fins mais nobres. Para resolver o grande problema da falta de espaço nas grandes metrópoles européias, o atelier Vincent Callebaut Architectures propõe a minimização de espaços livres em prol da maximização dos espaços duais. Isto quer dizer que as áreas construídas já existentes deve ser multidestinadas através da configuração em camadas.
No projeto feito para a cidade de Genebra na Suíça, uma nova paisagem moldada nestes propósitos permitiria que 100.000 casas pudessem ocupar áreas já ocupadas com outras destinações, mas sobrepostas à infra-estrutura não habitacional existente na área, ocupada por galpões, indústrias, trens, estradas, etc.
A Landscript representa o terceiro passo na evolução urbana global. Certamente, que depois de ter havido a formação das atuais paisagens urbanas, elas mesmas podem ser remodeladas em outros níveis, como já fazem outros ecossistemas, tais como casulos, atóis, recifes de corais. Eles absorvem as atividades do seu entorno e, ao se impregnar com elas, modificam-se no esforço para se integrar/adaptar às pressões do meio.
Autor: Isaias Malta
Fontes:
Capacete Toshiba.
Automóveis engavetáveis.
Nokia Morph.
Casas flutuantes.
Landscript.
Nenhum comentário:
Postar um comentário