A introdução e popularização do plástico e de circuitos eletrônicos em brinquedos estão matando uma parte importante da infância: a capacidade de imaginação.
A maioria dos brinquedos de crianças que têm entre 3 e 4 anos custa pouco, é de plástico, usa pilhas e produz sons ou falas. Meu sobrinho de 3,4 anos apareceu com um novo boneco nem bem tinha passado o Natal, quando havia ganhado vários brinquedos. Apesar do ‘super-robô’ ser apenas uma quinquilharia de plástico vagabundo, já achei um absurdo, mas o que me chamou a atenção foi seu comentário ao examinar o brinquedo: “este não tem nenhum botão”, ou seja, não falava nem se movia por conta própria, tudo deveria ser imaginado.
Através dos brinquedos está-se cometendo alguns crimes contra a infância:
1- Presenteiam-se as crianças ao longo de todo o ano com montanhas de quinquilharias de plástico. Porque estes brinquedos são muito baratos. Dessa forma, se deseduca em relação à preservação ambiental, estimulando um consumismo e o descarte exagerados, pois estes brinquedinhos logo estragam, já que sua qualidade é péssima.
2- Rouba-se sua capacidade imaginativa, pois no lugar de inventar histórias e enredos próprios, as crianças usam brinquedos que fazem movimentos próprios e falam coisas por si mesmos. Isso leva a uma passividade excessiva, pois as crianças esperam pelas decisões dos próprios brinquedos, quando poderiam criar um mundo por conta própria como foi brilhantemente representado por Monteiro Lobato com sua boneca Emília.
3- Promove-se um gasto improdutivo de energia, já que tais brinquedos consomem pilhas de pilhas. Uma das questões fundamentais do planeta Terra é a necessidade de economia de energia nos setores fundamentais, quem dirá nos brinquedos.
Brincar é essencial para o desenvolvimento cerebral na infância, mas para isso o cérebro deve ser mais usado. Então dar brinquedos a uma criança é uma coisa séria, pois com eles afetamos seu desenvolvimento e educação. Os brinquedos devem ser de ótima qualidade e duráveis, estes são mais caros, mas isso é bom porque não faz sentido dar presentes a toda hora, já que as crianças que aprendem a conservar seus brinquedos vão se acostumar a cuidar de equipamentos e isso é uma qualidade bastante apreciada pelo mercado de trabalho.
Além disso, haverá um menor descarte, reduzindo a produção de resíduos sólidos. Especialmente, se deixarmos de dar brinquedos com pilhas, pois elas produzem lixo tóxico.
Os melhores brinquedos são aqueles confeccionados com materiais de melhor qualidade, que não intoxicam as crianças nem quebram com facilidade. Devem ainda estimular a imaginação ou raciocínio infantil (como os da imagem acima).
Os jogos são uma ótima opção. Já foi demonstrado, por exemplo, que meninas adolescentes que jogaram Tetris durante 30 minutos por dia, durante três meses apresentaram aumento da espessura do córtex cerebral (onde está a massa cinzenta), nas regiões relacionadas ao planejamento complexo e integração dos sentidos. Elas também apresentaram maior eficiência cerebral em locais relacionados ao pensamento crítico, raciocínio e linguagem (SBPC, 2009).
Num projeto de reformulação da educação básica lançado no final de 2009, chamado “Lições do Riogrande”, a Secretaria de Educação do RS estabeleceu como habilidades e competências essenciais: Ler, Escrever e Resolver Problemas, porque elas são um eixo central de toda a inteligência e sem isso todos os conteúdos ficam sem sentido.
Quem souber ler, escrever e resolver problemas pode aprender qualquer coisa e se torna um indivíduo com autonomia. Estas habilidades e competências dependem do desenvolvimento da linguagem, que depende em grande medida do jogo simbólico e da imitação, que são exercitados durante as brincadeiras infantis, por isso saber presentear é fundamental [1].
Se quisermos construir um futuro promissor para as crianças, no lugar de enchê-las com bugigangas e deixá-las num canto é bem melhor dar parte do nosso tempo a elas, brincando junto, criando histórias, inventando falas ou sons e demonstrando cuidados com os brinquedos. A alegria da convivência e as habilidades de imaginação, de linguagem e de cuidados aprendidos durante estas brincadeiras compartilhadas são os grandes legados que podemos lhes deixar (nesse contexto, a imagem abaixo mostra uma idéia genial para quem tem pouco espaço: uma mesa de jantar que vira mesa de jogar bolinha de gude).
Nota:
1- “Ao observar uma criança antes e depois da aquisição da linguagem, tem-se a impressão de que a origem do pensamento lógico se encontra na linguagem. Antes dela, a criança está limitada por seu campo perceptivo, através da linguagem ela se liberta do presente e insere os objetos e fatos num quadro conceitual, fazendo-nos crer que começa verdadeiramente a conhecê-los. Todavia, Piaget constatou em suas pesquisas, que não é a linguagem que explica essa transformação. Suas observações mostram que a linguagem aparece mais ou menos ao mesmo tempo em que o brinquedo simbólico e a imitação diferida surgem, implicando na existência de uma função simbólica prévia” (CUNHA, 2009).
Por: Gladis Franck da Cunha.
Referências:
SBPC. Neurociências: bloquinhos cerebrais. Ciência Hoje, vol. 45, n. 265, novembro, 2009.
CUNHA, G.F. Jogos infantis e o desenvolvimento cerebral. Diversae, 13/10/2007.
CUNHA, G.F. Coportamento humano e linguagem segundo a epistemologia genética de Piaget. Diversae, 23/01/2009.
Fonte das imagens:
Chucky por SpaceBlog
Boneca Emília por Arte da Terra
Tetris por Bilnoski.net
Mesa de jantar e bola de gude por Blog do Brinquedo
Brinquedos educativos em madeira por Santos.olx
Excelente tema. A sociedade actual é implacável para os progenitores, horários, competitividade,insegurança etc., Quando chegam a casa ao final do dia, estão de tal forma exaustos, cheios de stress e não conseguem dar a atenção devida às crianças. As classes médias, utilizam o sistema da compra, ou seja, o afecto é substituido pelo brinquedo. As classes pobres só têm um objectivo na mente. Sobreviver. A evolução está a tornar-se retrógrada e não prespectivo melhoras.
ResponderExcluirOnde eu assino?
ResponderExcluirNossa, vamos adotar apenas LEGO entao. Até parece que a criança vai crescer burra por causa de uma boneca falante, que vai aumentar sua "passividade", ora faça-me o favor!
ResponderExcluirPaNdre,
ResponderExcluirTudo é uma questão de equilíbrio, o post se coloca contra o desequilíbrio do excesso de brinquedos e a priorização de brinquedos a pilha. Temos um sobrinho de 6 anos que gasta uma quantidade incrível de pilhas por mês, sabendo que cada uma delas polui um metro cúbico de terra dá pra imaginar o impacto ambiental.
Sobre a passividade crescente dos jovens não há dúvidas e é necessário encontrar alternativas. Exercitar a critativade e imaginação é fundamental, especialmente na infância. Acontece que a maioria dos pais quer dar os brinquedos que gostaria de ter tido, não os que teve, mas a infância é coisa séria, já que nesse período se constroem valores e atitudes essenciais à vida adulta. Portanto, precisamos usar critérios mais bem fundamentados do que nossos antigos anseios infantis.
Nada a ver, meu primo nasceu no meio da tecnologia, seu primeiro brinquedo foi um boneco que rastejava e atirava.. daí carrinhos de controle remoto, bonecos q andavam, videogame e tudo mais, q 20 anos atras eram bem mais caros mas meu tio tinha condicao financeira boa e bancou. Pra se ter uma ideia o moleque nunca soltou uma pipa ou brincou de carrinho de rolimã.
ResponderExcluirHoje ele tem 24 anos e ganha mais de 7 mil reais.. é engenheiro da embraer. E a maioria das pessoas muito inteligentes que conheco tiveram uma infancia mais "moderna".. Em compensacao, conheco uma galera da epoca da minha mae q brincou com tudo de mais fudido e é ainda mais fudido na vida hoje! Teoria sua nao tem nada a ver com nada.
Boa!
ResponderExcluirAinda bem q tua opinião não vai mudar porcaria nenhuma, além de você estar errado, acha que todos devem acatar sua "opinião" dos brinquedos destruidores de infância, sem contar que sua opinião foi tomado por conveniência, e não pode se aplicar a todos, sem contar que com os impostos altíssimos que o governo coloca em tudo, incluindo os brinquedos originais, seu texto não indaga a dificuldade que é para se a criança vivendo em nossos dias gostar de jogar bolinha de gude, ou de os pais terem tempo para "brincar com as crianças" como você indaga no seu texto, se tudo fosse fácil assim nossa sociedade seria perfeita.
ResponderExcluirMeu filho jamais, nunca mesmo, vai ver esses brinquedos imbecis, feitos com resto de madeira e que custam uma fortuna por serem "educativos".
ResponderExcluirEle vai ter um video-game, como qualquer criança normal...
Brecht já escreveu uma peça chamada a exceção e a regra. A regra atual é uma falta de criatividade e muita passividade. A CAPES analisando Projetos de Pesquisa verificou que via de regra, mesmo sendo propostas bem elaboradas, não se tratam de inovação, apenas propõem pesquisas dentro do que já vem sendo feito. Mesmo a Embraer dependeu de transferência de tecnologia francesa para se desenvolver e, através da compra de caças se deseja mais tecnologia para avançar. Está certo que temos pessoas bastante competentes para fazer muito bem e até melhorar o que aprendem. Mas, quando se terá condições de dar o primeiro passo e cria tecnologia inovadora?
ResponderExcluirOs brinquedos não são a única causa, estamos sofrendo os efeitos de não se ter tido Filosofia nas Escolas por muitos anos.
Não se abria espaço durante a formação básica para que as crianças e adolescentes pensassem por conta própria. Hoje em dia as pessoas das áreas tecnológicas (professores e outros profissionais) tem se revoltado muito com a a volta da Filosofia, por ela tomar tempo e menos conteúdos serem "trabalhados", pois parece que durante tais aulas 'não acontece nada produtivo' como se pensar sobre tudo não fosse importante.
Da mesma maneira vejo essa revolta contra os brinquedos educativos e ecológicos, que parecem imbecis.
Concordo que com os impostos altíssimos que pagamos, mereceríamos melhores escolas, onde profissionais qualificados e ambientes seguros permitissem jogos coletivos como a bola de gude, que permite desenvolver a socialização.
Somente os pais que conseguem pagar boas escolas infantis garantem aos filhos vivências criativas. Porém, nem tudo pode ser deixado por conta do governo, pois são os casais que decidem ter filhos e criança precisa de atenção e tempo dedicado a elas.
A ideia de escrever sobre o tema foi abrir o debate e levar as pessoas a refletir. A opinião deve ser construída por cada um em particular. Particularmente, se me alertassem para o fato da falta de criatividade e excesso de passividade serem a 'normalidade' atual eu não desejaria criar uma criança para ser normal como qualquer outra...
As crianças de hoje não têm a imaginação das crianças do tempo dos seus avós.
ResponderExcluirOs motivos são muitos. As crianças de há 50 anos não tinham a imensidade de brinquedos que as nossas crianças têm hoje em dia, mas como a necessidade aguça o engenho, tinham uma imaginação prodigiosa. Brincavam ao "faz de conta".
As meninas a partir de tenra idade faziam com a ajuda das mães tias ou avós os vestidinhos para as suas bonecas que, naquele tempo, seriam apenas duas ou três.Brincavam aos jantarinhos com pequenas caixas de folha a servirem de panelas e tachos,com latinhas de pomada para o calçado um arame e fio construiam uma balança de dois pratos para pesarem os bagos de arroz ou massa que pediam na cozinha.
Os meninos construiam carrinhos em madeira e inventávam corridas. Jogavam â bola, lançavam o pião, corriam com o arco, brincavam com outros meninos e meninas às escondidas faziam vários jogos, saltavam ao eixo. Tantas coisas, só nunca estavam parados. Naquele tempo não havia computadores consolas carros telecomandados etc.
As coisas não apareciam feitas, havia mais imaginação e criatividade. Penso que eram mais felizes, mas verdade seja dita havia mais tempo para elas por parte dos adultos. Hoje com a vida apressada que todos levamos, até ficamos satisfeitos quando elas estão quietinhas em frente ao ecrã da tv ou do computaddor.
Assina: ROMY
Romy, quando os pais despertarem para a criação de monstros que estão perpetrando, talvez seja tarde demais.
ResponderExcluirEDUCAÇÂO LEGO
ResponderExcluir....
Pow,meu irmão é criado cheio de brinquedos...e não acredito que tenha afetado a sua criatividade.
Pelo contrário, ele desmonta os brinquedos que não prestam mais e cria novos HAHAHAHAHAHA.
Agora vamos dar de presente só XADRES,LEGO e afins...
Um novo tipo de brinquedos está a tornar-se numa rotina.
ResponderExcluirCarrinhas da polícia com dezenas de agentes vão levando crianças para o interior dos veículos.
Umas por andarem com bilhetes de identidade falsos. Algumas são verdadeiras obras de arte, tal a perfeição, outras por mau comportamento e apresentarem sinais evidentes de embriaguez.
Há quem tente entrar com o BI do irmão mais velho ou de um amigo. Têm menos de 16 anos e quando confrontadas com o facto de terem tentado entrar em discotecas ‘proibidas’ alegam que os pais estão a par das suas deambulações nocturnas.
Bebem muito ou aguentam pouco e fazem gala de lutarem pelo título do maior desordeiro. Acreditam que as garotas os escolhem pela sua bravura.
Por vezes, são os próprios progenitores que vão insultar os porteiros e responsáveis das casas de diversão nocturna por impedirem os filhos de acederem às pistas de dança.
Com o fim das aulas, o número de menores que anda na noite aumenta consideravelmente.
Fumam muito, gostam de bebidas destiladas em formato de shot, preferencialmente e não raras vezes acabam a noite com algumas nódoas negras no corpo e sangue na roupa.
Há quem diga que sempre foi assim. Talvez seja verdade, mas ainda há dias um amigo me dizia que o filho de 12 anos tinha chegado a casa por volta das sete da manhã porque tinha estado numa festa de aniversário.
«Mas os pais estavam presentes», acrescentou.
Sem querer fazer juízos de valor, alguma coisa está errada. Enquanto os governos europeus procuram a todo o custo aumentar a idade permitida para se fumar e beber, as famílias vão permitindo que o mesmo aconteça mais cedo.
São poucos os pais que querem que os filhos sejam marginalizados por não acompanharem os amigos.
Como não acredito que a proibição legislativa consiga alterar comportamentos sociais,no futuro haverá muito mais adolescentes com problemas de alcoolismo e não só.
Artigo de certa forma interessante e bastante oportuno tendo em vista a sociedade atual totalmente refém do consumismo e isso começa na infância como o artigo nos informa,porém...o artigo peca por não abordar de uma forma mais profunda o tema limitando-se á uma análise superficial e claramente pessoal(do autor do artigo).
ResponderExcluir