Na selva do escritório e na vida cotidiana há uma classe de pessoas portadoras do incontrolável transtorno de falar tudo o que pensam e fazer perguntas inconvenientes que costumam jogar gasolina no inferno existencial das suas vítimas. Na realidade, tais criaturas agem como vampiros psicológicos sempre dispostos a sugar toda a vitalidade das presas que lhes caem sob as garras.
Você não fez Backup?
Assim, você dá um tiro de misericórdia na sua vítima, que já está sofrendo suficientemente com a tragédia de perder os seus dados.
Nossa, você engordou?!!
Quem faz isto, se denuncia imediatamente como um chato de galochas, pois é uma atitude deselegante, deseducada, simplória e jamais ajuda ninguém.
Já vai sair?
Pergunta comumente feita por funcionário invejoso ao colega mais eficiente do que ele, que consegue se desvencilhar das suas tarefas antes do fim do expediente.
Nossa, como você envelheceu?!!
Nada mais deselegante do que este tipo de sinceridade corrosiva, afinal, como quem com ferro fere, com ferro será ferido, o interlocutor deve pensar a mesma coisa, não obstante, por obsequiosa educação, opta permanecer calado com seus botões.
Qual é a sua idade?
Até aos 18 anos, as pessoas anseiam chegar à maioridade, ter carteira de motorista, independência, etc. Depois dos 20, elas só conseguem se enfadar diante de tal indiscrição.
Você estava dormindo?
Ninguém, absolutamente ninguém tem a menor vontade de colocar no ventilador detalhes íntimos da sua vida, tais como a hora em que que acorda, ou deixa de acordar. Só alguém com sutilidade elefantina adota a iniciativa inconveniente de colocar a carapuça de preguiçoso no seu interlocutor e, futuramente, um provável inimigo.
Você ainda não arranjou um emprego?
Deus meu! Essa maldição costuma se abater como uma praga do Egito sobre os desempregados. Não bastasse a tragédia e a vergonha do desemprego, eles ainda são submetidos à curiosidade mórbida, que longe de ajudar, só lhes suga a desgraça.
Chegou cedo para o expediente da tarde?
Este tipo preocupação só escancara uma monumental capacidade de estar no bico dos outros. Admita que as pessoas podem ter muitos problemas para chegar pontualmente ao serviço, que não serão amenizados com piadinhas infames.
Pensei que tivesse abandonado o emprego?!!
Perguntinha capciosa feita por chefes imbecis por ocasião da volta ao serviço de funcionário que temerariamente se permitiu tirar 30 dias de férias
Vocês vão querer ter filhos?
Quem não tem filhos tende a usar diferentes estratégias para suprir tal pergunta infame: não, porque não queremos aumentar a quantidade de esgoto no planeta, não, porque nossos parentes já se deram ao trabalho de livrar a humanidade do risco de extinção, não, porque não somos portadores do gene egoísta.
Coloco este tipo de pergunta ao nível da impertinência pura, já que o estado de não ter filhos pode envolver aspectos dolorosos, tais como esterilidade e morte de crianças. Ademais, o processo de adoção de crianças neste país é assunto tão complexo, impalpável e improvável, que quem envereda por ele certamente tem maiores chances de ganhar sozinho na loteria.
Considerações finais.
Se você se reconheceu nessas linhas como portador do transtorno de falar tudo o que pensa (GCTFP=grandessíssimo chato terrivelmente filho da puta), saiba que se trata de um problema grave o suficiente para fechar caminhos, emperrar promoções e queimar definitivamente chances futuras, porque você pode estar aporrinhando hoje um colega, que será seu chefe amanhã. Portanto, como cautela e sopa de galinha não fazem mal a ninguém, a melhor coisa a fazer é morder a língua e colocar as barbas de molho.
À vítima do GCTFP, nada mais resta do que o afastamento rápido da sua peçonha, antes que ele envenene o seu dia.
“Qualidades” tipicamente associadas à ave de mau agouro abordada neste texto: impertinência, imperturbabilidade, despropósito, simploriedade, inconveniência, truculência, indiscrição, impassividade e o mais importante, implacabilidade.
Foi voce que escreveu tudo isso??
ResponderExcluirIsaias meu chapa, tô gostando de ver e de ler. Para mim voce já entrou naquela fase em que ao ler uma publicação a gente diz: puxa era exatamente isso que eu queria dizer!
Grandes abraços,
Jonas
Jonas, o Blogpaedia prima pelo conteúdo próprio, logo, os acertos e erros correm por conta dos autores.
ResponderExcluirIsaias, não dê bola, o Jonas só quis dar uma de chato ao te perguntar: - Foi você escreveu tudo isso? Ahhahah, esse Jonas.
ResponderExcluirDaHora...
ResponderExcluirMas "Pensei que tivesse abandonado o emprego?!!" só é pergunta por causa da interrogação. Isso na verdade é uma afirmação, e não tem como virar pergunta.
A MELHOR (PIOR... sei lá):
"Você não fez Backup?" **morri**
sou totalmente a favor da adoção, justamente pq acho que já existe gnt demais no mundo pra passar fome, poluir, ser abandonada, enfim.
ResponderExcluirNanda,
ResponderExcluirPena que o Brasil seja TOTALMENTE contra a adoção, graças às nossas leis confusas e à morosidade da nossa justiça.
primeiramente tenho de dizer que adorei a versão Simpsons do quadro "O grito" de Edvard Munch rsrs sobre as perguntas cretinas, ai ai ai, muito já amarguei meus dias por causa delas, todo mundo tem colegas de trabalho GCTFP, né? agora não perco mais meu tempo, nem me digno a responder, por isso sou tida como metida à besta por muitos, mas não tou nem aí rsrsrs
ResponderExcluirRealmente, perguntas CRETINAS todas essas. Eu incluo também aquela, que mata!
ResponderExcluirA mulher tá toda arrumada pra sair, com a bolsa na mão e alguém vira e fala: "Já penteou o cabelo?" ou sua variável: "Já passou maquiagem?"
Na boa, é de ficar em casa, depois de ouvir essa!
E na faculdade, cansava de ouvir: "Virou turista, é?"
Mas faço como a Fabi disse em outro comentário, nem respondo mais. Me importar por pouca coisa? Não dá!
"nossa como vc evelheceu" não é um pergunta
ResponderExcluirimbecil
Outra pergunta cretina tb é
ResponderExcluir"É assim que vc está trabalhando??" qnd vc dps de um trabalho massante que levou horas pra acabar, sai pra beber uma água, esticar as pernas e tal.
Dá vontade de mandar pra aqele lugar.
É cruel !
ResponderExcluirvocê não fez backup ?
Estamos a perder a perspectiva e o sentido das coisas.
ResponderExcluirVivemos, dificultosamente, uns com os outros, e olhamo-nos com agressiva desconfiança.
As mais altas instituições mentem-nos, omitem, afirmam uma certeza e logo a desdizem; os representantes da justiça fornecem-nos a cavernosa ideia de uma identidade truncada,e abandonaram o conceito de mediadores da consciência social; o jornalismo, que devia ser, e já foi, uma referência em forma de caução, é a miséria que por aí se vê. Mais cedo do que tarde terá de proceder a um mea culpa; mas nem assim arredará as gravíssimas responsabilidades que lhe cabem no desrespeito geral.
Viver em conjunto precisa de conflito, de polémica, de emoção.
Da construção de um elo plural, com valores que desenvolvam o sentimento de pertença e de diferença.
Todos estes padrões têm sido desprezados, com proficiência, por políticos manifestamente de segunda ordem e por jornalistas de adiantada mediocridade,agigantado ego e gramática fugaz.
Afinal, existe liberdade de expressão e de informação, e esta sofre as mesmas ameaças e perigos existentes nas sociedades modernas.
A vitimização pode ser sedutora mas resulta sempre numa transparência que os factos tornam obrigatória.
O ódio não se confessa, mas nota-se, e marca o desejo inconsciente de destruir do outro.
Haja Freud!
Não sei se a sociedade dispõe, imediatamente, de forças capazes de remover o lamaçal em que foi submergindo.
A alternância entre uma vida assente na desistência, e uma vida liberta de imposições, depende da necessidade e do anseio de construirmos novos laços sociais.
Os exemplos que vêm de cima não são de molde a criar adeptos.
Não confiamos em quase nada e em quase ninguém.
Começamos a desconfiar de nós próprios.
O indivíduo tem de ter em conta o olhar dos outros, mesmo que negativo: é o que assegura a nossa singularidade.
Mesmo isso está a diluir-se, ante a configuração permanente da mentira política, o desprezo pela verdade e a duvidosa dimensão ética de certos jornalistas.
Com a sua permissão embora não seja uma pergunta é um comportamento que infelizmente não é invulgar.
ResponderExcluirA inveja, na sua essência, vai por caminhos obscuros. O juízo que é feito acerca dos actos do invejado é a mola impulsionadora da inveja.
Avalia-se o outro e, de imediato, consideramo-lo melhor. Sim, porque ninguém inveja o coitadinho, nem pretende ser como ele. A inveja forma-se, então, a partir do momento em que ao nos compararmos com os outros, nos sentimos inferiores e menos capazes de realizar actos dignos de admiração.
Sedimenta-se um complexo de inferioridade e de frustração. Então, já que não se conseguem comparar a ele, só lhes resta destruí-lo de que maneira for. A crítica destrutiva é uma das armas mais comuns.
Criticam, falam muito mal de alguém que, por vezes não conhecem minimamente mas que, de algum modo foi tocar fundo numa fragilidade qualquer que é só deles.
Confundem o exterior com o interior e inferem então, que assim sendo, só pode ser uma pessoa fútil, desinteressante e desprovida de sentimentos.
Outra característica presente no invejoso é que dificilmente escuta os outros. Sempre que está em situação em que ouve coisas que lhe estimulem a inveja, opta por mudar de assunto. Não é tolerável ouvir falar nas conquistas do outro, na promoção profissional,nas férias de sonho.
Também lhes é difícil aceitar sugestões ou conselhos porque consideram que isso é um modo de se rebaixarem. Não podem receber, portanto não sentem gratidão. Isso implica que a sua capacidade de amar, esteja seriamente comprometida.
Sendo a amizade uma relação de partilha, está pois vedada. É-lhe impossível construir relacionamentos onde haja confiança, cumplicidade e companheirismo. Por tudo isto, o invejoso vive mal e tem poucos momentos de felicidade.
Vão trilhando um caminho que os conduzem à sua auto-destruição, porque não se aceitam como são nem tampouco tendem a valorizar-se e crescer como pessoas.
Estão demasiado ocupados em destruir os alvos que traçaram, pelo que não lhes resta energia para mais nada. Tudo o que conseguem é insuficiente e desvalorizado.
O resultado final, é o desperdício de uma vida entregue a frustrações.
Shakespeare usou a inveja como leitmotiv em várias de suas tragédias, especialmente Otelo, em que um Yago dotado de incandescente inveja põe tudo a perder.
ResponderExcluirRealmente, ninguém admira o invejoso, talvez só queiram distância dele, mesmo assim a Internet está povoada de Trolls, que nada mais são do que pequenas criaturas abjetas estofadas de grande inveja.