31 de jul. de 2008
Por que as projeções holográficas são tão toscas?
Uma das tecnologias mais toscas atualmente é a holografia. A comparação que se pode fazer é a projeção holográfica do simpático robô R2-D2 “Artoo” feita na década de 80 no filme Guerra nas Estrelas, com os protótipos que temos hoje, tais como o vídeo acima.
A projeção de imagens bidimensionais já está atingindo não tanto o seu limite tecnológico, mas as limitações orgânicas de se perceber a diferença em 50 milhões, ou 60 milhões de pontos, ou entre 16 milhões, ou 32 milhões de cores. As interfaces bidimensionais de imagem já chegaram ao limite da capacidade humana de perceber maiores resoluções do que as atuais.
Tentando dar uma resposta ao esgotamento vislumbrado nos atuais hardwares de exibição de imagem, os laboratórios do mundo trabalham freneticamente para oferecer um produto que seja supere em qualidade a tecnologia da década de 80, embarcada no robô do filme Guerra nas Estrelas.
Do megabyte ao gigabyte, do terabyte ao petabyte.
Os olhos humanos percebem a tosquice das projeções holográficas atuais, porque já se acostumaram com a tecnologia da alta definição. Então, para uma holografia ser convincente, ela deveria casar alta definição e tridimensionalidade.
Os vídeos digitais compactados de baixa definição ocupam megabytes. Eles podem ser compartilhados através da Internet, dentro do limite suportado pela atual largura de banda de transmissão.
O padrão do DVD foi concebido num formato que ocupa em média 4,5 Gigabytes por filme e, mesmo que tenha só 480 linhas de resolução, um DVD não pode ser exibido “ondemand” porque as conexões da Internet ainda não têm banda suficiente para suportar um tráfego tão extenso.
O padrão de alta-definição (Blue-Ray) de 1080 linhas ocupa em média de 40 a 50 Gigabytes – ainda definitivamente fora de qualquer sonho de transmissão pela internet em tempo real.
Supondo-se um formato holográfico de alta definição, seu tamanho projetado dificilmente poderia ser de apenas 10 vezes maior do que o Blu-Ray. Como o número de pontos numa projeção holográfica aumenta exponencialmente, para se manter a mesma qualidade da versão bidimensional, temos que supor algo como 100 vezes o tamanho de um filme em formato Blue-Ray, o que seria 5 Terabytes.
Problemas de falta de tecnologia para manipular gigantescas massas de dados.
Os computadores domésticos recém chegam ao 1 Terabyte, portanto longe dos 5 Terabytes para armazenar um filme holográfico de alta definição de 1,30 h.
As transmissões “ondemand” pela Internet nem chegaram à era do DVD de 480 linhas.
Os discos capazes de armazenar arquivos holográficos teriam que ter capacidades da ordem de 500 Petabytes. Ora, estimava-se que todos os arquivos compartilhados no Kazaa ocupavam o espaço de 7 Petabytes – 2 Petabytes a menos do que o suposto vídeo holográfico.
Conclusão:
O gargalo tecnológico do armazenamento de dados é muito maior do que a dificuldade técnica de construção de aparatos de projeção. Enquanto não houver uma mudança radical nos paradigmas de armazenamento, não se poderá falar em vídeo holográfico menos tosco do que aquele exibido pelo robô R2-D2 de Guerra nas Estrelas. E olha que eu não falei de processamento!
Leituras adicionais:
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