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18 de jan. de 2009

A trajetória do vôo 1549 e os fatos que concorreram para o milagre.

Alguns articulistas negam veementemente o milagre. Porém, quem conhece um pouco das lidas da aviação sabe que as 155 pessoas a bordo do vôo 1549 estavam mortas, quando foram ressuscitadas graças a uma sequência impressionante de eventos bem sucedidos, que culminaram na aquaplanagem no Rio Hudson, no primeiro episódio bem sucedido da história da aviação de pouso na água.

15 horas e 27 minutos – altura = 2.800 pés (933 metros).
Decorrido cerca de 1 minuto depois da decolagem da pista 4 do Aeroporto de La Guardia, o jato A-320 da empresa US Airways atravessa a trajetória de um bando de gansos, que entram simultaneamente nos dois motores. Estes se incendeiam e o empuxo do avião cai para zero.
Trajetória do Vôo 1549 - 1


15 horas e 28 minutos – altura = 1.600 pés (533 metros).

O avião começa a perder altura rapidamente e o piloto reporta pelo rádio que ele vê adiante um pequeno aeroporto. Os controladores da torre identificam-no como o Aeroporto de Teterboro e dão instruções para que ele pouse lá.
Trajetória do Vôo 1549 - 2


15 horas e 28 minutos e alguns segundos.
Há um problema, pode-se perceber pelo gráfico a seguir que os vôos dos dias anteriores, cujas rotas passaram por cima do Aeroporto Teterboro já estavam em maior altura naquele ponto em que o piloto Chesley teve que fazer a sua escolha.
Trajetória do Vôo 1549 - 3


15 horas 30 minutos e alguns segundos.

Depois de aproximadamente 3 minutos e meio de vôo, o imenso pássaro metálico toca suavemente a cauda nas águas gélidas do Rio Hudson e desliza elegantemente até parar num ponto próximo à 34ª Avenida da ilha de Manhattan.
Trajetória do Vôo 1549 - 4


Por que milagre?
1- Ao contrário do que os leigos pensam, pousar na água é uma das piores catástrofes que pode suceder a um avião e a explicação é muito simples: se a aeronave não chegar com as asas absolutamente alinhadas e em ângulo de pouso absolutamente certo, não há chances da fuselagem permanecer intacta . Qualquer protuberância que toque prematuramente a água pode sofrer uma desaceleração tão brutal, que causa o esfacelamento da fuselagem e o seu afundamento. O A-320 tinha enormes chances de se desintegrar após o primeiro impacto contra o Rio Hudson.

2- Tanto o retorno ao Aeroporto de La Guardia, quanto seguir em frente rumo ao Aeroporto de Terteboro foram descartados por causa da razão de planeio que não permitia mais tal manobra, em virtude da baixa altura de cerca de 500 metros. Pela trajetória, se percebe que ele chegou a cogitar o retorno ao aeroporto de origem. O piloto teve alguns segundos para tomar a decisão, quando gritou acertadamente: “Ao Rio Hudson”. Então, ele procedeu a um grande mergulho sobre a Ponte George Washington em direção ao rio, para adquirir velocidade e obter o desejável efeito de deslizamento de pedra atirada na água.

3- Qualquer erro do piloto teria sido fatal. De repente ele estava pilotando um imenso planador, cujo maior inimigo é o estol. O estol acontece quando a velocidade aerodinâmica baixa além de um certo ponto mínimo, é quando uma das asas se inclina. No caso de aquassagem isto é fatal, pois se uma ponta de asa toca em primeiro lugar a superfície da água, o avião rodopia e a fuselagem se rompe.

4- Era imperativo que o piloto mantivesse a aeronave acima da velocidade de estol e que o Rio Hudson estivesse livre de obstáculos. Qualquer embarcação no caminho teria sido fatal. Este fator foi decisivo para que o milagre acontecesse.

5- A forma do A-320 não favorece o pouso aquático, já que as turbinas estão localizadas abaixo das asas. Caso o primeiro impacto contra a água tivesse sido com as turbinas, a fuselagem teria se rompido, o que teria provocado o afundamento da aeronave. Era imprescindível que ângulo do avião fosse exato, nem com o nariz muito inclinado para frente, nem paralelo à água e nem excessivamente inclinado para trás (pela possibilidade de estol e consequente inclinação de uma das asas).

Conclusão.
Mesmo reconhecendo que a destreza do piloto Chesley B. Sullenberger foi ímpar, isto por si mesmo não nega a concorrência de inúmeros outros fatores que conspiraram para que o fatídico vôo 1549, que tinha tudo para ser trágico, tivesse um final feliz.

O encadeamento de eventos afortunados pode ser chamado de auspiciosas coincidências, ou... na falta de palavras para resumir o incrível desfecho do vôo 1549, um milagre acontecido à luz do dia debaixo dos olhos dos habitantes de uma das maiores metrópoles do planeta.


O vídeo vôo 1549 feito num simulador de vôo.


Todos os instantes do vôo 1549, segundo a MSNBC.




Link Relacionado: O piloto-herói do vôo 1549.
Autor: Isaias Malta
Fontes:
Vídeos do vôo 1549: CNN.

Relatos dos instantes antes do impacto: Fox News.

Infográfico daTrajetória do vôo: New York Times.

5 comentários:

  1. Parece que as portas do céu estavam fechadas não ?

    Porque será que sempre que alguma pessoa consegue um feito exemplar, digno de sua capacidade nata, é transformada em milagre ?
    Será que somos tão incapazes assim? será que não temos a capacidade de feitos não comuns?

    O comandante Garcez, aquele que por falha própria, conseguiu o feito de se perder em plena selva amazônica com um Boeing 737 com mais de 50 pessoas a bordo, conseguiu também um feito fora do comum: "pousar" um 737 em plena selva amazônica, vitimando apenas 8 passageiros.
    E o que dizer do Cmte Murilo (VASP) que para desarmar um sequestrador fez um "tunneau" com um 737, feito este que nem a Boeing, construtora da aeronave pensava existir.
    Milagres ??
    Prefiro acreditar nas pessoas.

    Agradeço o espaço.

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  2. concordo plenamente com essa estoria de milagres, foi o que aconteceu essa semana em sao paulo, quando caiu o teto da igreja renascer, dizem que deus fala nas igrejas, desta vez ele se esqueceu deste simples comentario. pois pra mim nao ha milagres, mas sim a falha ou a capacidade do ser humano. dedé olimpia

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  3. Sobre milagres:

    "Há duas formas de viver a vida: Uma é acreditar que milagre não existe. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre." Albert Eistein

    Sobre os gansos: Já vi tanto documentário na discovery channel mostrando as fábricas de turbinas. Eles sempre mostram cenas de turbinas operando em potência máxima e jogam galinhas congeladas, pedras, toneladas de água, etc... e ainda assim as turbinas continuam funcionando. Então como que gansos podem fazer tamanho estrago? Será que só as turbinas mais modernas que são a prova de pássaros?

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  4. ... quer saber... estou de saco cheio, daria tudo pra ter visto um monte de americano com as calças borradas, um grande milagre (milagre sim) salvou todo mundo, quem sabe os que estavam no avião são mais simpáticos agora... gente chata sô.

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