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15 de nov. de 2009

Nariz na nuca e olhos nos cantos da boca, mesmo assim encantadores!

A viagem para observação de Baleias Franca em Santa Catarina é um programa altamente recomendável. Quem faz toda a condução do avistamento embarcado e dá o minicurso sobre cetáceos é a ONG Instituto Baleia Franca (IBF), com competência e profissionalismo e a agência que organizou nossa viagem, a partir da Serra Gaúcha, foi a Rupestre.
Abaixo o barco usado para observação chega à praia para o primeiro grupo, pois sua capacidade é para 20 pessoas no máximo.
Barco chegando
Ficamos esperando, pois fomos incluídos na segunda tripulação. Esperamos ansiosamente e quando o barco foi avistado nos preparamos para o embarque.
Prontos para o embarque

A observação embarcada foi realizada na praia de Imbituba – SC, porque as baleias já haviam começado sua migração para o polo sul e já não eram mais vistas em Garopaba. Enquanto o primeiro grupo encontrou um mar calmo, nós enfrentamos um mar agitado pelo vento que trouxe os cirrus, que deixaram a paisagem com efeitos em preto e branco.
Céu cinzento

Quem são os Cetáceos?


As Baleias Franca que visitam as costas brasileiras desde o polo sul pertencem à espécie Eubalaena australis, cujo tamanho máximo varia de 14 m para os machos e 17 m para as fêmeas. Seu peso médio é de 40 toneladas, mas algumas chegam a 100 T.

Todos os Cetáceos (baleias e golfinhos) são mamíferos aquáticos que evoluíram a partir de ancestrais terrestres. Em seu processo de adaptação ao ambiente aquático foram sendo selecionados os indivíduos que adquiriram importantes modificações, das quais se pode destacar a mudança do nariz da face para a nuca, permitindo que não tirem a cabeça toda para fora d’água, quando precisam respirar.

(observem na foto abaixo a posição do nariz e dos olhos da Baleia Franca, vejam também como o modelo humano se entedia com a falta de experiência da fotógrafa amadora)
Tédio

Como diferenciar baleias e golfinhos?

Estes são nomes comuns e não científicos, mas devem ser agrupados como Golfinhos todos os Cetáceos da subordem Odontoceti, que possuem dentes na boca, entre os quais se incluem: botos, golfinhos, orcas, cachalotes e baleias belugas.

O termo baleia deveria se restringir aos Cetáceos da subordem Mysticeti, que não possuem dentes, apenas estruturas córneas chamadas barbatanas, ou seja, um tipo de “unha desfiada” em vez de dentes, que foram muito usadas para construção de espartilhos. Entre os Mysticeti se incluem as baleias Franca, Jubarte e Azul.
Barbatana de baleia e espartilho

Por que as baleias Franca migram?


Elas vêm dos mares do sul onde encontram alimentos para dar cria em águas mais quentes, porque os filhotes precisam ganhar peso, antes de enfrentarem os mares gelados do polo sul.
Um filhote de baleia nasce com apenas 4 toneladas, muito magrinhos para os mares gelados, mas, felizmente, ele engorda cerca de 50 kg por dia e, assim, em dois meses, as mamães e suas crias começam sua lenta migração para o sul.

Quando fizemos o avistamento os filhotes já estavam com dois meses de idade e haviam engordado umas três toneladas, apenas mamando!

A eficiente mamãe praticamente não come em nossas águas, por isso, ao final da gravidez, que dura 12 meses, elas tem que engordar o máximo possível para ter energia suficiente para chegar em águas mais quentes, parir e amamentar o bebê até poderem voltar ao polo, onde há o nutritivo Krill, base da sua alimentação.

Por quanto tempo e como uma baleia amamenta sua cria? A Franca faz isso por doze meses e o leite, extremamente gorduroso, tanto que não se mistura com a água do mar, é esguichado por aberturas ventrais que ficam ao lado da abertura genital.

Nosso avistamento!
Na parte superior do barco vão um ou dois biólogos que indicam ao piloto a direção para avistamento. Ao chegarmos numa proximidade de 100 m os motores são desligados e o piloto ajusta o barco aos movimentos do mar para uma maior aproximação. Enquanto isso a tripulação não deve fazer barulho e ficar de olho na direção indicada pelos biólogos (veja os seus pés no alto da foto abaixo).
Primeiro avistamento

Num primeiro momento a mãe dá um espiada para ver se não há perigo. Para isso ela se posiciona verticalmente com parte da cabeça fora d’água, mas permanece com os olhos submersos A água funciona como uma lente que corrige a “miopia” dos cetáceos, quando fora da água.
Cabeça de baleia franca

Aos poucos ela nos deixa chegar mais perto.
Baleia franca 02

Assim podemos ver seus borrifos.
Borrifo

Segura de que não representamos perigo a mamãe deixa o filhote, um pequenote com cerca de oito toneladas, se aproximar do barco...
Baleia Franca 03
Baleia Franca próxima ao barco 04

...ao ponto de roçar sob o nosso casco, nos maravilhando...
Baleia Franca próxima ao barco 09

...e deixando ver detalhes da sua cabeça.
Baleia Franca próxima ao barco 08
Baleia Franca próxima ao barco 06

Depois se afastou, fez um parafuso chato na água, nos deixando ver a barriga branca...
Baleia Franca próxima ao barco 05
Baleia Franca próxima ao barco 02

Foi muito emocionante, eu passaria horas no mar, mas tivemos que voltar porque não se pode ficar muito tempo próximo às baleias para não estressá-las. Além disso, a agitação do mar já tinha feito muitas vítimas na nossa tripulação (quase metade dos passageiros).
Enjôo no mar

Por: Gladis Franck da Cunha

Para ver mais imagens e em tamanho maior visite nosso álbum de Cetáceos no Flickr.

Como é o sexo das baleias? Como são as relações paternais nos cetáceos? Para saber isso e mais informações sobre características, evolução, comportamento e caça de baleias Franca consulte o site do IBF

Um comentário:

  1. Muito interessante! Eu não sabia que as baleias eram míopes.

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