A maioria dos 2.000 jatos comerciais temporariamente armazenados pelas companhias aéreas, de leasing e outros proprietários nos desertos do oeste dos EUA, têm cada vez menos chances de voltar a voar, devido ao forte aumento dos combustíveis e às exigências cada vez maiores para redução de custos.
Esta é uma realidade nova que contraria a tradição do reaproveitamento de aviões estocados depois de um tempo de armazenamento. Ela ilustra os novos tempos de altos preços de combustíveis, aliados à competição feroz e às preocupações de redução de custos. Enquanto isto, os aviões temporariamente desativados vão continuar nos desertos, para talvez nunca mais retornar à ativa.
Os cerca de 2.000 aviões dos EUA e companhias aéreas do mundo inteiro estão estocados no Novo México, Califórnia e Arizona. É uma quantidade menor do que aquela registrada logo após os ataques de 11 de setembro de 2001, quando houve uma baixa vertiginosa na demanda por viagens aéreas em todo o mundo, que levou as companhias a retalhar suas frotas.
Os proprietários de aviões tradicionalmente estocam temporariamente seus aparelhos durante os picos de baixa demanda e voltaram a reativá-los, ou a vendê-los quando os negócios se normalizam. Pelo menos, esta foi a regra vigente até 11 de setembro de 2001.
Porém, os ataques do 11 de setembro pintaram um novo cenário, em que várias companhias foram à bancarrota e as remanescentes, ao invés de resgatar seus aviões do deserto, preferiram assinar leasings de modelos mais novos e econômicos. Dos aviões estocados no deserto, uns poucos foram vendidos para outros continentes.
As pressões do mercado para a redução de custos impuseram sobre as empresas a busca de saídas para fazer frente ao preço do barril de petróleo, que chegou rapidamente aos 70 dólares depois da guerra do Iraque. Uma das soluções foi esquecer os velhos aviões gastadores. Tal estratégia tem feito a diferença entre continuar voando e aquebra definitiva.
As companhias não buscam apenas aviões mais econômicos, elas querem modelos com menor custo de manutenção. As empresas que foram obrigadas pelas novas contingências a estocar seus aparelhos, cada vez mais perdem a esperança de recuperar o seu investimento. Apesar deles continuarem intactos e prontos para voar, em razão das manutenções periódicas, a cada dia que passa, ficam mais remotas as chances deles voltarem a ganhar os céus num mundo cada vez mais exigente.
Entre os aviões que ardem sob o sol do deserto, estão L-1011, DC 9, MD-80, 737, 767, 747. Os aviões com menos valor atualmente têm idade entre 18 e 25 anos, com três ou quatro motores. Cada um vale milhões de dólares e, não obstante, o seus motores geralmente valem mais do que as próprias aeronaves. Normalmente os donos destes aviões não conseguem cobrir as propostas de venda que tanto a Boeing, quanto a Airbus fazem aos compradores.
Caso persista o cenário atual de custos altos e incertezas econômicas, pode aumentar o número de aviões sucateados. Atualmente, cerca de 20 a 50 deles são demolidos por ano, um número que pode aumentar em virtude do encolhimento do mercado e ante a eficiência dos novos aviões.
FEATURE - Older Planes Soaking Up US Desert Sun.
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