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10 de dez. de 2008

Gadgets analógicos que aos poucos estão sendo esquecidos pelo mundo.

Sou fascinado por objetos e visitei alguns museus da Europa que têm seções de objetos de uso cotidiano. Como, segundo a Wikipédia, a palavra gadget ser usada genericamente para designar qualquer tipo de geringonça eletrônica, elétrica ou mecânica, posso me dar ao luxo de me referir aos gadgets analógicos que ditaram as regras antes do computador ter tomado o poder.

Mimeógrafo – o cheiro de álcool que anunciava as provas na sala de aula.
Ainda me lembro perfeitamente o cheiro característico que se espalhava na sala de aula quando a professora entregava as provas: era o odor das folhas que exalavam o álcool empregado para imprimi-las no mimeógrafo. Antes do computador e do xerox, através do mimeógrafo o material escolar era reproduzido, num processo inacreditável para quem nasceu digital.

Fax – o fóssil vivo.
O fax ainda é uma velharia que resiste ao tempo. Esta máquina pré-história ainda é usada por pessoas e instituições ruins de internet. Até quando? Pessoalmente, eu odeio esta traquitana e nem sei por que continuam usando isto depois que inventaram o email.

Telex – Foi o mainstream das comunicações entre empresas.
Até 1991, com certeza, estas máquinas baseadas em redes comutadoras de circuitos foram nas corporações o grande meio de transmissão de informações escritas e autenticadas, ou seja, tinham o valor de documentos com fé pública. O advento do computador e da criação das super-vias internacionais de comunicação tornaram tanto o velho telex obsoleto, quanto as tendinites crônicas das operadoras de telex.
Ahh, os dados eram inseridos no aparelho de telex via fita perfurada, muito cool!

Pager – o aparelhinho da era pré-celular.
Quem se lembra do tempo quando não existia o celular? Mesmo nesta idade nebulosa, algumas pessoas tinham a necessidade de serem encontradas onde quer que estivessem. Para isto, as mentes sábias daqueles anos criaram um aparelho para passar sinais ao seu portador, que era sinal para ele procurar um telefone e contatar uma central para ouvir a mensagem que era ditada por uma telefonista. Gente procurando telefones me lembra a Matrix...

Câmera fotográfica de filme – nascia o registro doméstico de imagens.
Na pré-história analógica, você comprava um filme numa loja, colocava numa máquina fotográfica vagabundinha, “batia” umas fotos, retirava o filme e enviava ao laboratório e retirava o resultado três dias depois lacrado num envelope colorido. Você gastava no filme e gastava na revelação, torcendo para que as fotos ficassem boas. Então, você pegava um ônibus de volta para casa e tão logo sentava no banco, abria avidamente o tal envelope e olhava extasiadamente o conteúdo. Isto acontecia numa época em que ninguém sabia o que havia dentro de barriga de mulher grávida e cabeça de juiz. Hoje há a ultrasonografia, a propina e a telinha de LCD da câmera digital.

Videocassete VHS – Nascia o registro doméstico eletrônico de vídeo.
A história das décadas 80 e 90 das famílias foram registradas em fitas VHS, que no entanto, hoje mofam nas prateleiras, por causa da contínua extinção dos aparelhos que ainda funcionam. Quase no final deste ano de 2008 a JVC anunciou o abandonou do formato VHS que tanta fortuna lhe trouxe, deixando órfãos aqueles que apostaram as suas fichas nesta tecnologia. Pena que atualmente quase não tenhamos opções de conversores para as nossas velhas VHS.

O velho tubão CRT, exibiu os primeiros passos do homem na lua e virou aquário.
Da antiga era analógica, os televisores e monitores de tubos de raios catódicos atualmente valem mais como lixo reciclável. Mesmo que durante décadas eles tenham sido o único meio de assistir imagens, desde a chegada do homem na lua, até a queda das torres gêmeas do World Trade Center do Nova Iorque,

hoje o velho tubão está realmente condenado a virar aquário, como este aqui feito pelo Daniel Soares, Webmaster do Xpock.

Toca-discos – a única opção, até hoje, de Hi-Fi no ambiente doméstico.

A morte deles foi declarada oficialmente alguns anos atrás e eles ressurgem da tumba. Porém, os amantes do Hi-Fi nunca os abandonaram e os velhos bolachões ensaiam a sua volta, não da maneira bombástica como eles dominaram o mercado fonográfico até a década de 80, mas para atender um nicho bastante ativo de aficcionados que acreditam na impossibilidade de se reproduzir sons em verdadeira Alta Fidelidade usando sistemas digitais.
Toca-discos.

Gravador de fita K7 – nascia a gravação doméstica de som, mas nunca no padrão Hi-Fi.
O irmão pobre do gravador de rolo nunca foi capaz de produzir sons em alta fidelidade, mas quebrou os seus galhos nos ambientes domésticos. Ainda hoje tenho as minhas fitas de 1989 e um tape deck Gradiente CD-2 que é uma tetéia.

Filmadora super 8 – nascia o registro de imagem doméstico.
A tecnologia é tão paradoxal, que embora brevemente as fitas VHS não possam mais ser tocadas, quem pegar uma câmera Super 8, um filme virgem e um projetor, não terá grandes dificuldades para para produzir alguma coisa. Outro dado paradoxal é que a imagem obtida por uma super 8 ostenta uma resolução ainda não alcançada pelos meios digitais. Quem pensa que a tecnologia sempre anda para frente, está redondamente enganado.

Máquina de escrever – ela dominou a escrita mecanizada por um século.
Alguns escritores, mesmo na idade explosiva dos gadgets, não prescindem das suas máquinas barulhentas máquinas de escrever. Se você é ligado nestas antiguidades, visite o museu online sobre o assunto: Máquinas de Escrever Antigas.

Etiquetador – outro fóssil vivo.
No tempo dos arquivos de aço e fichários era imprescindível etiquetar fichas, pastas, livros e outras tranqueiras analógicas. Incrivelmente, este mastondonte de priscas eras continua à venda nas melhores casas do ramo, talvez para atender um público que não abre mão de maneira alguma de arquivos e fichários, o rotulador continue prestando os seus bons serviços.

4 comentários:

  1. Ótimo post. Aliás, o blog todo é ótimo.

    Eu ainda assisto a filmes antigos em VHS. Minhas fitas continuam boas. Mas estou pensando no trabalho que vai dar pra digitalizar tudo.

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  2. Eu uso muito o meu Etiquetador, mas esta difícil achar as fitas para ele. Ainda bem que tenho umas 15 em estoque em casa. è muito util para identificar ate gadgets novo, usei para colocar meu nome na minha calculadora HP33.

    Abraço para todos

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  3. Putz... na minha época, as inocentes professoras faziam a prova no mimeógrafo [fora do horário de aula] e em seguida, jogavam foram a matriz no lixo... Normalmente faziam isso na própria sala de aula. Era uma corrida todos os dias para verificar o lixo...

    O fax é pior que o vhs... o vhs demorou, lutou, mas morreu... Agora essa coisa primitiva persiste ao tempo. Incrivel... Para mim sua unica utilidade viavel é de xerox... e olhe la, coisa lenta...

    Meu pai trabalho anos com o telex... Aqueles 'confetes' de picotes amarelos eram demais pra uma criança sujar todo o chão...

    Maravilhoso post!
    Abraços!

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  4. Nossa estou antigo... tenho máquina de escrever, uma boa Olivetti Linea, tenho um System Sony que não quebra de jeito nenhum com toca-discos e 2 decks pra cassetes! Tenho novinho numa caixa um CP400 Color! Na sala uma TV de tubão!

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