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29 de ago. de 2010

Divórcio, a história da pequena morte de seus zumbis sociais.

O universo dos relacionamentos amorosos é tão melindroso, que por vezes acaba em tragédias, desde os cimos literários do tipo Romeu e Julieta de William Shakespeare ao bolerão protagonizado pelo goleiro Bruno.


No momento em que a realidade irrompe abruptamente sobre os ideais de “viver felizes para sempre”, e é chegada a hora de dividir as coisas, estas vão além de bens materiais, pois incluem sentimentos, lembranças, pessoas, enfim, a história de cada um.

O que fazer com as fotos em comum? Como apagar da memória uma parte da vida? A quem é dado o direito de “dividir” as crianças? Percebe-se que uma separação implica numa implosão do círculo social mais próximo, já que você não se divorcia apenas de uma pessoa e sim, ao longo do tempo, percebe que perde muitos outros valores, na figura de parentes, amigos e colegas achegados à relação falecida.

Assim, os divórcios geram pequenas mortes, cujos mortos-vivos resultantes continuam perambulado por aí, só que possuidores da metade do coração. Podemos dizer que a matemática não é tão exatamente exata quando se trata de relacionamentos, uma vez que cada separação implica em perdas, que somadas contabilizam mais do que 50%.

As ruas estão cheias de exemplos, principalmente homens, de moradores de rua que, ao cabo do divórcio, se desestruturam e perdem o eixo. Portanto, é uma grande falácia dizer que na sociedade moderna as separações atingiram um patamar de normalidade, pelo contrário, vejo casos que se multiplicam de pessoas que jamais se recuperam, enchendo assim o mundo de solteirões empedernidos pais e mães de filhos tornados bastardos, que sentem na pele o peso da rejeição social contra os que tentam refazer a vida.
Os separados passam o resto da existência não convivendo apenas com buracos negros nas fotos, mas tendo que lidar com os hiatos na sua história. Mesmo quando eles retomam o relacionamento com outra pessoa, devem estabelecer estratégias para conviver com as lacunas de uma vida inteira ao lado da sombra que emerge do passado.

Por isso, a decisão da separação tem que ser encarada com cuidado muito maior do que a seriedade que ela merece, já que por ela as pessoas se embretam em pequenas mortes sociais, uma vez que não há ganhadores entre os sobreviventes de relacionamentos fracassados. Os que “saem de mão abanando” podem ter certeza de que saem com prejuízos bem maiores do que o bolso zerado, pois só os anos darão o tom das perdas emocionais havidas e acusarão a dor de feridas internas que jamais cicatrizam.

Lembrete final: se você está pensando em se separar apenas para variar o seu cardápio carnívoro - os homens porque querem fazer um "upgrade" de mulher trocando uma de 40 por duas de 20 e as mulheres porque querem "comprar" a barriga de tanquinho da esquina - saiba que serás mil vezes maldito, porque as emanações radioativas provenientes do casamento que você destruiu por motivos fúteis, vão te desgraçar a vida nesta e em futuras gerações, amém. 

3 comentários:

  1. Falar em divórcio é um assunto que me deixa um pouco desconfortável.
    Hoje em dia os casais por dá cá aquela palha partem para o divórcio, como se de uma ida ao cinema se tratasse.
    Em minha opinião, o divórcio começa a ser gerado mesmo antes do casamento. Quantos casais, haverão que antes de legalizarem a relação, divergem de pontos de vista que, a curto ou médio prazo dá para perceber, que nunca poderão ter uma relação duradoira.
    O casamento não é uma decisão que se tome de ânimo leve. Ambas as partes devem ter a noção que a vida a dois é feita de muitas coisas boas, mas que também de vez em quando, surgem outras menos boas ou até mesmo muito más.
    Cada membro do casal tem de ter flexibilidade para se adaptar ao outro, ceder, ou até renunciar a alguns hábitos adquiridos antes do casamento, que possam de alguma forma colidir com o conjugue, mas, sem que exista perda de identidade de cada um. Ambos devem ter o seu “espaço” não se sufocando um ao outro, embora com a devida moderação, que pode variar consoante o espírito mais ou menos aberto do casal.
    Amor, afecto, respeito mútuo, tolerância, compreensão, cumplicidade são algumas das bases essenciais para que um casamento perdure durante muitos anos, ou até para toda a vida.
    Se fossem seguidas estas regras, evitar-se-iam os dissabores que acarretam um divórcio, a separação do casal, os filhos (os que mais sofrem) o desmoronar da família, angústias,
    marcas que ficam gravadas para toda a vida.
    Manter um casamento durante décadas pode significar além de muito amor uma comunhão de ideais, coragem e sobretudo companheirismo para vencer as adversidades da vida.

    Assiste-me o direito de afirmar com conhecimento de causa. Eu e o homem da minha vida estamos casados há 40 anos.
    Desejo do fundo do coração que seja, até que a morte nos separe.

    Assina:
    ROMY

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  2. Tudo isto é muito complicado, o comportamento humano muitas vezes é deplorável.

    Algumas vezes no infortúnio é possível retirar algo positivo.

    A paternidade é uma das mais vanguardistas conquistas do nosso tempo.
    Ao contrário da maternidade, não tem cartilha de etiqueta nem caderno de encargos; aquilo a que no passado se chamava pai era uma ausência: um senhor que saía cedo e entrava tarde, pagava as contas, exigia respeito e obediência ou pior.

    As famílias assim constituídas estoiraram porque eram fontes de solidão e violência. Mulheres e homens agarram-se ainda demasiadas vezes aos filhos como náufragos a pedaços de mobília flutuantes, temerosos do mundo anunciado em que o amor será o único valor com cotação constante, sem as escoras das aparências sociais.

    Os filhos deixaram de ser o certificado de aforro das famílias para se tornarem aquilo que desde sempre deveriam ter sido: exemplos de alegria, liberdade e futuro.

    Nenhum filho merece o peso da infelicidade obrigatória dos pais, nenhum filho prefere uma família agrilhoada aos seus tornozelos a um pai e uma mãe autónomos, aos quais possa amar como pessoas inteiras, estejam juntos ou separados.
    O divórcio tem sido muitas vezes o início do casamento dos pais com os seus filhos, o princípio do exercício da verdadeira paternidade, uma experiência de amor muito diferente da que oferece a conjugalidade.

    Quando um pai e um filho atravessam abraçados a noite de uma cidade que decidiram tornar sua, não precisam de mais ninguém. Trazem com eles todo o amor vivido e por viver e a certeza de que, porque existem um no outro, nada nunca lhes faltará.

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  3. Caramba...
    Belo post...
    parabéns!

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