Às vezes parar significa olhar a esmo, desfocar no infinito da terra que se encomprida ou se deixar capturar pelos detalhes da soleira descamada.
O poeta que dizia que olhava a cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo (*), estava lá vagando peripateticamente estupefato entre vielas e janelas descortinadas atemporais.
Todavia, hoje as moçoilas não estão mais suspirantes na janela – quiçá alhures entre miçangas e fricotes.
Atualmente, todos preferem a velocidade dos flamantes autos riscando autopistas, à modorra dos arrabaldes suburbanos, posto que dominados pela pressa, a maldita pressa que sobressalta e vicia.
Por isso a locomotiva, objeto de contemplação por excelência, jaz inerte sobre dormentes não passageiros.
Se um dia alguém saiu por esta porta, deixou o aviso “Segurança 24 Horas – Área Protegida”.
Se um dia alguém saiu e fechou esta porta, deixou solerte cortina rosa filtrando luz, escondendo segredos vencidos.
(*)Porto Alegre das ruas infinitas.
Sem ironia. Ao ler o título do post sorri.
ResponderExcluirDe imediato fez-se luz – “ Aristóteles “
Feliz
Quem o é, tem a felicidade no coração. Só assim, é possível observar todos os dias as maravilhas que se apresentam perante os seus olhos, desfrutar mesmo os pequenos detalhes, insignificantes, para os outros.
Posso resumir tudo o que aprendi sobre a vida em duas palavras: ela termina.” Disse de forma brilhante Robert Frost.
Com a sua permissão, completamente fora do contexto, uma situação que me fez reflectir muito e admitir que talvez ainda exista esperança para o futuro.
ResponderExcluirFalo do Chile
O resgate dos 33 mineiros, presos a quase 700 metros de profundidade durante 70 dias, dos quais os primeiros 17 não se sabia se estavam vivos ou mortos, é a maior operação de salvamento mineiro na história da humanidade, mas também é uma mensagem sobre a importância do principal factor de produção: o recurso humano.
Nesta época da globalização, as nossas alegrias e dores são universais e este caso comoveu por igual os habitantes dos países do Norte e do Sul do planeta, dos mais ricos aos mais pobres.
Muita gente esteve diante do televisor toda a noite, já que as principais estações de televisão mundiais estavam a transmitir em directo.
A pergunta é: que mecanismo foi desencadeado na opinião pública mundial para despertar este interesse que ultrapassa qualquer parâmetro e que fez com que cerca de mil milhões de pessoas seguissem o resgate?
Certamente haverá muitas interpretações, mas para o mundo fica a imagem de um país responsável e eficiente, unido e solidário na tarefa de trazer os mineiros de volta à vida.