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13 de out. de 2010

A cidade que só se vê vagando peripateticamente.

Às vezes parar significa olhar a esmo, desfocar no infinito da terra que se encomprida ou se deixar capturar pelos detalhes da soleira descamada.
Deixar-se capturar pelos detalhes da soleira

O poeta que dizia que olhava a cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo (*), estava lá vagando peripateticamente estupefato entre vielas e janelas descortinadas atemporais.
Deixar-se vagar peripateticamente

Todavia, hoje as moçoilas não estão mais suspirantes na janela – quiçá alhures entre miçangas e fricotes.
Moçoilas não mais estão nas janelas

Atualmente, todos preferem a velocidade dos flamantes autos riscando autopistas, à modorra dos arrabaldes suburbanos, posto que dominados pela pressa, a maldita pressa que sobressalta e vicia.
Flamante auto riscando as autopistas

Por isso a locomotiva, objeto de contemplação por excelência, jaz inerte sobre dormentes não passageiros.
Locomotiva jaz sobre os dormentes

Se um dia alguém saiu por esta porta, deixou o aviso “Segurança 24 Horas – Área Protegida”.
Segurança 24 horas - Área protegida

Se um dia alguém saiu e fechou esta porta, deixou solerte cortina rosa filtrando luz, escondendo segredos vencidos.
Cortina rosa solerte

(*)Porto Alegre das ruas infinitas.

2 comentários:

  1. Sem ironia. Ao ler o título do post sorri.

    De imediato fez-se luz – “ Aristóteles “

    Feliz

    Quem o é, tem a felicidade no coração. Só assim, é possível observar todos os dias as maravilhas que se apresentam perante os seus olhos, desfrutar mesmo os pequenos detalhes, insignificantes, para os outros.

    Posso resumir tudo o que aprendi sobre a vida em duas palavras: ela termina.” Disse de forma brilhante Robert Frost.

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  2. Com a sua permissão, completamente fora do contexto, uma situação que me fez reflectir muito e admitir que talvez ainda exista esperança para o futuro.

    Falo do Chile


    O resgate dos 33 mineiros, presos a quase 700 metros de profundidade durante 70 dias, dos quais os primeiros 17 não se sabia se estavam vivos ou mortos, é a maior operação de salvamento mineiro na história da humanidade, mas também é uma mensagem sobre a importância do principal factor de produção: o recurso humano.

    Nesta época da globalização, as nossas alegrias e dores são universais e este caso comoveu por igual os habitantes dos países do Norte e do Sul do planeta, dos mais ricos aos mais pobres.

    Muita gente esteve diante do televisor toda a noite, já que as principais estações de televisão mundiais estavam a transmitir em directo.

    A pergunta é: que mecanismo foi desencadeado na opinião pública mundial para despertar este interesse que ultrapassa qualquer parâmetro e que fez com que cerca de mil milhões de pessoas seguissem o resgate?

    Certamente haverá muitas interpretações, mas para o mundo fica a imagem de um país responsável e eficiente, unido e solidário na tarefa de trazer os mineiros de volta à vida.

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