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30 de out. de 2010

Por que o carro está falindo a mobilidade das cidades?

One Less Car - campanha mundial em favor da redução do número de veículos auto-motores.
A reportagem de capa do Jornal "Extra Classe" do Sinpro/RS(*) nos conduz a uma séria reflexão a respeito do apagão da mobilidade urbana que está se tornando realidade até nas cidades pequenas. Ora, as vias de tráfego são o que está aí e não há como ampliá-las na mesma velocidade com que são despejados milhares de veículos novos no mercado todos os dias.

Então, ao invés de ter acontecido o que os nossos antepassados imaginaram, cidades modernas e amplas cortadas por silenciosos bólidos voadores, sofremos impotentes com os engarrafamentos de centenas de quilômetros, que minam a saúde e transformam a vida urbana um inferno.

A história automobilística é um fracasso Futurista.

- Os gestores públicos recebem muito mais retorno no curto prazo investindo mais no transporte individual, do que no público.
No toma lá dá cá dos jogos eleitoreiros, o político prefere dar espaço para o automóvel, do que investir na pesada logística urbana e deixar que seus sucessores colham os frutos.

- Andar de carro é muito mais barato, o que é um absurdo.
Se houvesse transporte coletivo em bom número e em ótimas condições, os individualistas deveriam pagar imposto ecológico para financiar modos de movimentação menos poluidoras. Infelizmente, o planejamento urbano das cidades é tão focado no transporte individual, que ele acaba se tornado o meio mais barato.
Em tempo, mesmo na Europa é mais barato andar de carro do que ir de transporte coletivo. Isto quer dizer que, enquanto não houver a intervenção maciça do Estado, o individualismo poluidor continuará imperando.

- Você não renunciará ao seu carro só por consciência e porque é politicamente correto.
É uma balela pensar que as pessoas vão acordar para o problema da falência da mobilidade e deixar o carro na garagem. Não senhoras e senhores, isto depende de muita vontade política e investimentos públicos pesados!

- O carro ainda é uma triste prioridade nas grandes cidades.
Entre o pedestre e o carro, o primeiro perde sempre. Assim, em favor do comodismo de poucos, a maioria dos habitantes urbanos "paga o pato" por não ter à sua disposição ciclovias, trens, bondes, passarelas, etc. Além disto, os cidadãos a pé são caçados impiedosamente por motoristas psicopatas.

- Um dia sem carro.
O dia 22 de setembro de cada ano é uma data que deveria marcar o ato simbólido das pessoas renunciando aos seus úteros confortáves pelo menos UM dia no ano. Não é o que acontece na prática, pois o caos no trânsito continua firme e faceiro nas grandes cidades que não oferecem alternativas decentes de locomoção.
O que é o Dia Mundial sem Carro.

Por isto tremo quando os políticos falam em reduzir o tamanho do Estado. Ora, enquanto o sistema de transporte público for exclusivamente um negócio privado destinado a dar lucro, o carro continuará sendo a preferência nacional. Isto nos aponta para a necessidade urgente do Estado comparecer com investimentos e subsídios pesados para multiplicar e baratear as opções de transporte coletivo, ou as cidades seguirão o caminho inexorável da Cidade do México, que há muito se atolou completa e irremediavelmente no caos.

(*) Capitais vivem risco de apagão da mobilidade.

Um comentário:

  1. Acho que temos que mudar um pouco a cultura e o hábito das pessoas primeiro.

    Na minha cidade, uma local de porte médio, as pessoas tem costume de tentar parar sempre em frente aos locais que vão estar, mesmo que isto signifique estacionar em local proibido ou atrapalhar o trânsito.

    São incapazes de andar 50 metros e quando há alguma mudança no transito para organizar e haver maior fluência muitos criticam porque perdem suas comodidades

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