Uma pergunta que muitos Biólogos se fazem é: haverá futuro nas cidades para os animais silvestres?A partir desse questionamento, Vera L.Valente relata uma pesquisa realizada na cidade de Porto Alegre (RS) com mosquinhas das frutas as “conhecidíssimas” Drosófilas.
Um Sociólogo amigo meu perguntaria: Por que estudar as moscas do gênero Drosophila? A resposta é simples: elas são organismos simples e fáceis de capturar e criar, mas também são geneticamente sofisticadas para que as conclusões desses estudos possam ser estendidas a organismos mais complexos.
O estudo foi desencadeado porque a autora esperava encontrar na cidade apenas as espécies cosmopolitas, mas para sua surpresa capturou, mesmo nos locais mais urbanizados, algumas espécies consideradas “selvagens”.
Intrigados, Vera e sua equipe resolveram comparar populações de espécies Drosophila willistoni (imagem abaixo) coletadas em praças e quintais residenciais de Porto Alegre com populações de mata nativa.
![]() |
| De GnoLinks |
Após coletarem e compararem indivíduos das duas populações, durante uma década, concluíram três coisas:
1- as populações da cidade são geneticamente mais flexíveis.
2- as populações urbanas tendem a ser mais rápidas do que as selvagens quanto à eficiência e velocidade do comportamento sexual (corte e cópula).
3- Quanto ao tamanho corporal, especialmente as medidas de tórax e das asas, verificou-se que as moscas maiores são favorecidas em locais urbanizados enquanto as demais moscas capturadas em locais pouco urbanizados tendem a ser significativamente menores.
Em resumo: a urbanização favoreceu genótipos mais flexíveis, que permitem mais recombinações; indivíduos mais robustos, com musculatura torácica mais desenvolvida e asas maiores que conseguem transpor as barreiras espaciais das cidades entre uma fonte de alimento e outra e machos e as fêmeas que dispensam menos tempo com a atividade sexual.
Mas, afinal, há futuro para animais silvestres nos ambientes urbanos?
Depende...
A espécie estudada foi favorecida pela preservação e cultivo das palmeiras para paisagismo, cujos frutos utiliza como alimento de adultos e larvas.
Desse modo, se houver disponibilidade de recursos alimentares compatíveis com a sua capacidade de metabolização e exploração; se a espécie tiver um repertório de características comportamentais e reprodutivas que se ajuste aos tempos e distâncias dos centros urbanos. Se estes animais conseguirem abrigos para fugir à predação. Então sim, há futuro para eles nas cidades.
Por: Gladis Franck da Cunha.
Referências:
VALENTE, Vera L. S. Há futuro nas cidades para animais silvestres? In: SACCHET, A.M.O.F. (Org.) Genética, para que te quero? Porto Alegre : Ed. Univesidade/ UFRGS, 1999.
Foto de Porto Alegre por Paulinha Violinista

Que interessante essa pesquisa, é bom saber que ainda há esperança de que futuro ainda tenha animais silvestres, é só cuidar do meio ambiente em geral para que esses animais possam sobreviver!
ResponderExcluirÉ isso Feh X3,
ResponderExcluirConhecer alguns detalhes é importante para que a intervenção humana não cause extinção de espécies animais ou vegetais. Há uma tendência na arquitetura e urbanismo de construir sem destruir tudo primeiro, quanto mais isso se impuser, tanto melhor para todos.
Grata pelo comentário.