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10 de nov. de 2008

Aterrissagens desastrosas de aviões! Saiba porque elas acontecem.

A parte mais delicada do vôo é a volta a terra. No instante em que um objeto voador se desprega do solo, desde quando a sua massa e a do planeta compartilham o mesmo momentum inercial, passa a haver uma diferença significativa entre os dois momentos. O avião adquire uma tremenda energia cinética que deve ser dissipada no momento do pouso, para que o momento inercial da sua massa volte a se aproximar o máximo possível ao momento inercial da massa do planeta.

A piorar as condições já difíceis apresentadas por qualquer operação de aterrissagem, juntam-se alguns ingredientes adicionais externos, principalmente causados por panes mecânicas, ou condições meteorológicas severas.

1- Aterrissagens sem trem de pouso, ou de barriga.
O grande risco nestas condições é o incêndio da aeronave devido à fricção da fuselagem contra o solo. A cartilha de segurança manda realizar a manobra de pouso nestas condições somente depois do alijamento de todo o combustível. Caso o pouso não seja feito em pane seca, o risco de explosão é praticamente certo.


Pequeno avião Yakovlev Yak-3m pousa de barriga – note o motor desligado.

Boing 737 aterrisa sem um trem de pouso lateral.



2- Vento forte lateral, ou de través.
Aviões e pássaros foram feitos para decolar e pousar com vento de frente. Os aviões não sofrem com pouco vento, mesmo que seja de cauda. Mas, ventos fortes acima de 90 km/h atravessados na pista, podem ter efeitos devastadores nas aterrissagens.

O problema é que o piloto deve sempre aproar contra o vento, então ele vai até próximo ao chão com o aparelho torto em relação ao eixo da pista e no último instante, traz novamente o nariz para dentro da pista e faz o avião chapar contra o chão. No último instante do alinhamento de aparelho, existe o risco da asa a sotavento (lado contrário daquele que vem o vento) se inclinar tanto ao ponto de se quebrar na pista, devido à ao empuxo exercido pelo vento sobre toda a fuselagem situações climáticas extremas, tais como, proximidade de nuvens do tipo cúmulus nimbus e furacões.

Um Boeing 737-400 da CentralWings, lutando contra fortes ventos de través em Edinburgh, Inglaterra em fevereiro de 2008.

Pouso em condições de vento atravessado no Aeroporto de Hong Kong, um aeroporto que parece um porta-aviões.
Boeing 747 entortado pelo vento num pouso muito louco no Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Outro Boeing dançando numa perna só para pousar em Hong Kong.

Avião que foi jogado para fora da pista, provavelmente pelo vento forte e provavelmente foi numa operação de pouso, pois se estivesse decolando repleto de combustível, a história teria sido outra...


Como a ilustração acima mostra, windshear são tesouras de vento que se formam pela ação de brutais correntes descendentes de ar na pista, ou nas proximidades. Quando o avião entra na área de ação das tesouras, ele é “abatido”, ou seja, perde sustentação instantaneamente. Em pleno ar isto é sentido como turbulência, mas perto do chão pode redundar em chegar ao chão com uma velocidade tão excessiva, que não resta outro recurso ao piloto senão arremeter. Em casos mais graves, o avião pode até sofrer estol, ou seja, ele perde o envelope de vôo e uma das asas se inclina tanto, tornando impossível a recuperação do vôo devido à impossibilidade de retomada de velocidade por causa da proximidade do solo.

Várias tentativas de pouso com vento forte de través. As duas bem sucedidas foram, pasmem, da Air Portugal!


Jato pousando com vento atravessado em pista MUITO curta!


Lições aos navegantes:
A maioria dos vídeos no YouTube de pousos em meio a fortes ventos de través (crosswinds landings), são claramente decisões temerárias da tripulação, que se arriscam por força das pressões psicológicas exercidas pelas companhias aéreas que, na ganância da obtenção de lucros a qualquer preço, despriorizam os cuidados com a segurança.

Para terminar, cito a definição dos aeronautas para o bom pouso:
Bom pouso é aquele cujos passageiros conseguem sair andando do avião e pouso excelente é aquele que, além disto, a aeronave permanece em condições de voar no dia seguinte.

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