O cenário proposto no filme Matrix de 1999 não está longe da realidade. Várias máquinas que amplificam as nossas forças para que vençamos distâncias inimagináveis há 100 anos atrás, a velocidades impressionantes, estão adquirindo um automatismo que, mesmo vindo em nome do conforto, pode se revelar perigoso.
Carros equipados cada vez com mais com sensores, computadores de bordo, sensores de movimento, alerta para mudança de pista, controle eletrônico de estabilidade e mapas digitais via satélite, são equipamentos top de linha que estão saindo da fábrica dirigindo sozinhos. Por ocasião do recente lançamento do Mercedes-Bens Classe E, o site G1 testou o modelo e reportou que para quem gosta de sentir o prazer de dirigir, o futuro está cada vez mais desanimador. Automóveis inteligentes que tomam suas próprias decisões tornam o motorista um mero espectador. Leia as impressões completas no G1.
Para comprovar que os humanos podem virar simples débeis mentais dentro dos carros do futuro, veja este idiota dentro desta BMW 330i, que precisa ter apenas dois neurônios para apertar o botão “On” e pronto! O carro faz o todo o resto sozinho.
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Todavia, nem tudo é um mar de rosas na história do automatismo, já que em situações de emergência muitas vezes as máquinas podem “tomar” a decisão errada. É o caso recente do fatídico vôo 447 que acabou voando oceano adentro. O acidente suscitou toda uma discussão sobre a filosofia imposta pelo fabricante Airbus, que elevou o automatismo nos seus aviões a níveis extremos. No interessante artigo de Irineu Guarnier Filho, ele cita uma frase de efeito que não deixa de ter seu cunho de verdade, “um Airbus é um avião feito por engenheiros para engenheiros e não para pilotos”.
O que aparentemente traria grandes vantagens em termos de segurança, pode estar se revelando como um tiro pela culatra. Isto porque o poder de decisão dos pilotos está cada vez mais sendo transferido para as máquinas. A parte boa desta sistemática é que o avião não executará manobras potencialmente perigosas, mesmo que seja comandado ativamente. Por outro lado, sabe-se que em momentos críticos às vezes é necessário executar manobras que contrariam as regras do bom comportamento aeronáutico. Leia na íntegra estes detalhes no Canal Rural.
Um piloto me contou um episódio ocorrido durante os testes de um Airbus conduzidos por uma companhia aérea. Durante uma das manobras, o piloto comandou um “banking” (inclinação) da aeronave para iniciar uma curva, que era para ser suave. Porém, para o seu desespero a inclinação continuava aumentando, enquanto ele dava manche e pedal para o lado contrário... e nada, o computador do Airbus não respondia. Finalmente a capacidade de improvisação humana falou mais alto e ele teve a súbita idéia de comandar uma curva muito mais radical justamente para o lado que o avião estava se inclinando, mas correndo o risco de iniciar um mergulho fatal em direção ao chão. Para o seu alívio, os computadores de bordo “entenderam” o tamanho da cagada que estava sendo feita e descomandaram rapidamente a curva que certamente levaria a aeronave ao desastre.
Outro exemplo de máquinas dominando homens aconteceu nas ruas de uma cidade americana que passou no extinto programa “Vídeos Incríveis” da Band. Um carro em alta velocidade fazia várias ultrapassagens perigosas até que chamou a atenção da polícia, que passou a persegui-lo. Depois de vários quilômetros de peripécias, os policiais conseguiram finalmente estourar os quatro pneus do caro, que foi obrigado a parar no acostamento. Neste momento, os policiais se aproximaram cautelosos de armas em punho receosos com a reação do provável criminoso que teria feito aquela estripulia. Para a surpresa deles, saiu de dentro do carro uma velhinha em prantos que agradeceu aos agentes da lei por eles terem parado o carro, já que o piloto automático do veículo havia bloqueado os comandos e o único controle que lhe restara era o da direção.
Será que as máquinas estão dominando o mundo? Ao contrário do que supuseram os nossos antepassados, não são elas que estão se tornando inteligentes demais ao ponto de assumirem “conscientemente” o comando. Somos nós, que com a nossa busca insana pelo conforto e redução de custos, estamos transferindo às máquinas cada vez mais a responsabilidade pela nossa segurança. Mas, a realidade mostra que o automatismo radical pode levar a uma situação bizarra: nas situações em que vidas humanas estão em jogo, o ser humano é o único capaz de perpetrar ações completamente imprevisíveis.
E quando os computadores não permitem tais ações intempestivas? Nestes casos, o desastre se torna inevitável.
Por: Isaias Malta.
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As máquinas mais odiadas de todos os tempos!
Urra... e que hipótese!
ResponderExcluirNão tenho a menor dúvida de que damos passos largos pra alcançar novos dispositivos, sistemas e muitas vezes verdadeiras porcarias para facilitar nossas vidas. No entanto penso que toda faca tem dois "legumes". Se por um lado hoje temos centenas de milhares de projetos sendo desenvolvidos em todo o canto, o que para os viventes é uma coisa maravilhosa, por outro temos a nós mesmos como cobaias desse incrível e evento histórico chamado tecnologia. Infelismente eu vejo como uma coisa que estamos aqui para presenciar. Mas, claro, presenciar não quer dizer aceitar!
Na mesma proporção que estes avanços e usos ocorrem, é preciso aumentar também o controle sobre cada sistema desenvolvido, e isso sim, pra mim, é uma coisa que está sendo deixada em segundo plano, algumas vezes por nós mesmos e quase sempre pelos que os desenvolvem...
Afinal ninguém tá a fim de pagar com a própria vida para fazer um test-drive... tá?
Parabéns pelo artigo Isaias,
A tecnologia está aí para nos substituir por conta da maximização dos lucros. o que é preferível? Investir milhões de dólares na formação de pilotos, ou meter parafernálias eletrônicas nos aviões para viabilizar a contratação de mão de obra mais barata? A verdade é que as tripulações atuais tem muito menos "braço" do que há 50 anos atrás porque grande parte do treinamento foi substituído pelos simuladores, muito mais baratos do que horas de vôo reais.
ResponderExcluirMuito legal este artigo, realmente interessante.
ResponderExcluirE só para constar... o "idiota" do BMW 330i é Jeremy Clarkson no programa inglês Top Gear da BBC, simplesmente o mais renomado e melhor programa automobilístico da televisão.
abraço
Deixa eu elucidar uma coisa no texto, quando me referi ao "idiota" não estava pensando no apresentador, mas sim na figura genérica de um humano completamente nas mãos da máquina.
ResponderExcluirbem esse comentario meu de thomas turbando acho que esse texto elucida questões passadas e futuras
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