Na era de rupturas que foi o Século XX, uma das concepções de exatidão a cair fragorosamente foi a forma de ver a natureza. Ela caiu no início dos anos 70 com o modelo mecanicista/exato que descrevia os fundamentos da matéria. Mesmo que o tema fractais seja mais conhecido pelas famosas figuras aleatórias e coloridas espalhadas na Internet, é importante ressaltar que ele transcende em muito a mera brincadeira com o encadeamento de equações não lineares.
Ao contrário do que seu descobridor, Benoît Mandelbrot, imaginou à princípio, as implicações do ferramental proporcionado por uma geometria que conseguia descrever estruturas irregulares foram muito mais além, no momento em que nos forneceu a possibilidade de abarcarmos matematicamente figuras e volumes que fogem à geometria tradicional baseada em esferas, cones, paralelogramos, triângulos, etc.
Nuvens, montanhas, fluidos e seres vivos são todos feitos com os mesmos "tijolos". Descobriu-se que a natureza é econômica nas suas construções, já que ela não emprega estruturas de 1, nem 2, nem 3 dimensões, mas sim dimensões fracionárias entre a 2ª e 3ª dimensões. Assim, todo o universo, apesar da sua imensa variabilidade guarda grandes similaridades de formas.
Ao invés de repetir as figuras bonitas produzidas pela plotagem dos resultados das equações não lineares retro alimentadas, farei algo que explicita muito mais a filosofia por trás desta matemática de natureza simples, porém inquietante, que proporcionou a construção de novos modelos científicos usados para compreender o Universo.
Qual é a diferença entre as montanhas e as nuvens? Sob o ponto de vista matemático nenhuma, já que ambas são construídas usando os mesmos princípios fundamentais.
O mesmo se sucede entre os ramos das árvores e os pulmões. Não é à toa que o pulmão também é chamado de “Árvore Pulmonar”. Por quê? Peguemos somente os brônquios e broquíolos pulmonares e os coloquemos de cabeça para baixo, o que se vê? Uma árvore perfeita, pois estruturalmente pulmões e árvores tem a mesma dimensão fractal.
Finalmente, como pode ser constatado por qualquer um que anda ao ar livre, as árvores apresentam estranhas semelhanças com o corpo humano, largamente documentadas na Internet. Tais semelhanças, além de não serem meras coincidências, foram muitas vezes exploradas pelas artes, como no livro “O Senhor dos Anéis” em que os Entes de J.R.R Tolkien são figuras arbóreas antropomórficas.
Em vista das similaridades existentes entre corpos tão díspares, é forçoso acreditar que a natureza inventou o maior compactador de dados do universo. Isto significa que com poucos bytes é possível a construção de formas simples, ou complexas, bastando replicar infinitamente umas poucas partículas elementares fundamentais, que tanto podem originar a maravilha de um belo corpo de uma mulher, quanto a majestade de uma galáxia.
Por: Isaias Malta.
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Fractais - Arte e Ciência.
Muito bom, Isaías!
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