Subtítulo: vivemos a mixórdia insuportável dos restos de herança analógica misturados à novidade da Era Digital.
Pobre da Geração Analógica que, de repente, viu seu mundo inundado por um Tsunami de sopa de letrinhas: USB, Ipod, 3G, Wireless, Bluetooth, iPaq, MP3, Twitter, MSN, Lan House, Google, SMS,FTP, Linux, KaZaA, World of War Craft, MMS, Wi-Fi, Palm Top...
Quem não nasceu rodeado de tecnologia, não teve tempo para digerir a nova lógica surgida quando a Internet fugiu dos círculos acadêmicos e invadiu as casas. Antes você via TV, escutava rádio, lia jornais, consultava listas telefônicas e dicionários e o seu carro era equipado com uma peça paleolítica chamada carburador.
A Geração Digital surgida nos anos 90 não tem mais idéia de algumas destas coisas, mas isto, longe de ser um déficit de conhecimento que antigamente envergonhava as gerações mais novas, passou a ser fonte de suplantação: os nativos tecnológicos se acham superiores aos dinossauros analógicos.
Áudio analógico.
Gravador K7, gravador de rolo, amplificador valvulado, LP, mesa de som, rádio.
A grande fonte de renda das gravadoras fonográficas globais foi o áudio analógico. Com a extinção da era analogia, os grandes impérios do entretenimento que fizeram miliardários do porte de Maddona, Michael Jackson, Rolling Stones e Prince, encolheram e diminuem cada vez esmagados sob o peso da música “on demand”, aquela que você baixa diretamente da Internet para o seu celular.
O que não mudou? Algumas gravadoras voltaram a prensar LPs. Algumas bandas só usam mesas analógicas, tipo o Rappa. Porém, este fenômeno não pode ser considerado como um ressurgimento no pleno sentido da palavra, pois são movimentos criados para atender nichos de mercado.
Imagem analógica.
Fotografia de filme, Videocassete, cinema, super8, monitores de computador, televisão.
Você se lembra da época em que comprava filmes 35mm e fitas de videocassete para ver no seu aparelho VHS? Mas, nem tudo mudou na área da imagem, pois você ainda assiste TV analógica e provavelmente o seu monitor de computador, mesmo sendo LCD, é analógico.
O que não mudou? A TV analógica continua aí e, apesar dos investimentos pesados do governo na malfadada TV Digital, as casas continuarão durante alguns anos sendo servidas pelo sinal da TV convencional, ainda mais porque, enquanto a audiência da Internet cresce geometricamente, o público de TV micha cada vez mais. Acredito que a TV, como nós a conhecemos, será totalmente engalfinhada pela Internet e se tornará um produto destinado a atender um mercado de nicho.
Comunicação analógica.
Telefone fixo, PABX, celular analógico, radioamador.
Por incrível que pareça nestes instantes em que estou digitando este texto, meu computador está ligado à Internet usando uma conexão DSL que usa um Modem. O que é um Modem? É um dispositivo Modulador/Demodulador que contorna o problema da minha linha telefônica ser do tempo do Sr. Graham Bell, o inventor do telefone no século XIX. Ou seja, a minha casa ainda é servida por um aparato vitoriano, portanto, para se adaptar à era digital precisa de um aparelhinho que converta o sinal analógico, que chega pelo par de fios de cobre, em sinal digital para eu me conecte ao Mundo Novo.
O que não mudou? Não importando o meio, se Wireless ou fibra ótica, enquanto não for universalizado o acesso ao sinal puramente digital, não a era analógica não terá se extinguido completamente.
Informação analógica.
Jornais, revistas, livros, periódicos, dicionários, lista telefônica.
Fiquei perplexo um dia destes quando uma cunhada me telefonou pedindo para que eu pesquisasse na lista telefônica o número do hospital da minha cidade. Foi como a materialização de um dinossauro falando ao meu ouvido; respondi para ela que há anos eu não consultava aquele livro grande cheio de letras pequeninhas. Então, como já estava com a página do Google aberta na minha frente, escrevi o nome do tal hospital e em 2 segundos estava no Site, onde havia telefone, endereço, email, etc. Evidentemente a minha cunhada é da Geração Analógica e não se deu conta que as listas telefônicas morreram há anos.
Nota: na casa da criatura analógica citada há mais de um computador per capita, ou seja, não é por falta de hardware que ela ainda não aprendeu a usar a Internet para fazer coisas úteis.
Há eras não consulto mais dicionários e vislumbro que os jornais se tornaram chupadores de conteúdos da Internet, sem é claro, dar os devidos créditos, prática comum de jornalistas tungadores.
O que não mudou? Ainda há muita mídia impressa. Na realidade, optamos pelo corte de árvores quando compramos um jornal. Felizmente a era dos grandes jornais está acabando. O dia 29/05/2009 marcou a última edição do decano jornal Gazeta Mercantil, editado desde 1920. Para quê precisamos de jornais se estamos online todo o tempo?
Consideração final: é preciso dizer que torço para que acabe logo esta praga da Era Analógica, para que possamos finalmente dizer aos nossos netos que um dia cortamos árvores para termos informações nas mãos?
Por: Isaias Malta.
Link Relacionado:
O que é Geração Digital?
Eu não tenho assim tanto ódio pela era analógica.
ResponderExcluir"Para quê precisamos de jornais se estamos online todo o tempo?"
Nem sempre estamos. Como quando vamos a uma sala de espera. As opções são ler jornais, revistas, ir pra uma lanchonete e voltar logo antes que a atendente nos chame. QUEM tem muito dinheiro, talvez possa levar o notebook, mas não é comum ver alguém matando o tempo dessa forma.
Outro ponto a favor do material impresso é que pode faltar energia, pode ter trovoadas, nada impede de lermos. Se for à noite é só pegar a lanterna.
Computador, TV e demais aparelhos requerem energia initerruptamente.
No caso do computador, existe o no-break, mas mesmo o de preço elevado não fornece alimentação por longas horas.
A chegada dos smartphones soluciona os problemas de energia, no-break, etc. Temos ainda o pensamento muito dirigido para os dispositivos computacionais fixos e o notebook, por mais portátil que possa parecer, é um deles.
ResponderExcluirEm pouco tempo computador, notebook, celular, Ipod, câmera, filmadora, ou seja, todos os nossos gadgets atuais vão convergir para um único dispositivo que poderá funcionar com bateria, energia solar, eletricidade, etc. Já queo as pessoas não desligam mais o celular mesmo, que vai desligar o seu eletrônico faz-tudo?
Acho que o caminho do Desktop é se tornar o "mainframe" doméstico que vai armazenar os dados da família inteira, filmes, álbuns, etc., e a sina do notebook se fundir com o smartphone.
Pois é, viramos reféns de aparelhos que até 8 ou 10 anos atrás sequer existiam.
ResponderExcluirO mundo evolui de maneira rápida e a tendência é que isso cresça cada vez mais. E como você disse, teremos em um único aparelho, todos aquela parafernália que hoje em dia nós carregamos.
Eu mesmo, ontem, após ter lido este post, me deparei com uma cena no mínimo engraçado: Levantei da minha mesa, desliguei o computador e fui saindo, porém me dei conta que stava esquecendo algumas coisas, voltei e lá estavam, celular, iPod, Pen Drive e etc.
Coisas que eu jamais imaginei que fosse ficar dependente, e claro, além da curiosidade absurda paa ver o que tinah acontecido no Twitter, Orkut, E-mails, Blog, MSN e por aí vai.
É! Pode até demorar, mas, a era digital irá dominar completamente o cenário. O mundo anda pra frente e todo o material analógico só servirá a colecionadores e saudosistas. E creio que ainda testemunharei com saúde o fim da era digital... Deus sabe o que virá depois!
ResponderExcluirUm abraço!
"Algumas bandas só usam mesas analógicas, tipo o Rappa."
ResponderExcluirVale lembrar que não existe microfone digital, e mesmo os microhpones USB nada mais fazem que transformar o sinal analogico em digital. Todo estudio tem uma mesa analogica (ou um pré amplificador para microfones), e que isso não é exclusividade do Rappa ou de saudosistas.
não por gosto, mas por obrigação, devo lembrar-lhes da fragilidade dos sistemas digitais. não geramos energia elétrica no quintal (se é que ainda existe algum) e até onde alcança meu limitadíssimo conhecimento, o acesso a internet e outras redes depende de servidores. deixo como sugestão aguardar que os dispositivos utilizados para as conexões sejam auto-sustentáveis. de pronto lembro apenas do tal telefone da era paleolítica como aparelho utilizado para comunicação a distância que funcione durante um blank-out. abraços.
ResponderExcluirO fechamento do jornal gazeta mercantil (que não é decano, pois isso diz respeito a dez anos, mas quase centenário) não tem nada a ver com o avanço da mídia digital, mas com a falta de organização financeira. Os jornais americanos que fecham, sim, estão sem leitores, que os substituem pelas versões eletrônicas...Agora a questão dos jornais impressos é mais complexa que simplesmente o corte das árvores... eles são financiados por grandes grupos políticos e para eles inventam "reportagens" defendendo seus interesses (vide o lixo da Veja e da Folha de S. Paulo). O avanço da internet, além de evitar o corte das árvores (embora provoque a exploração do silício), é que garante liberdade de opinião, o que não é possível na mídia analógica...
ResponderExcluirQuanto ao sentido da palavra Decano, tive que recorrer ao dicionário analógico Aurelião (às vezes isto se torna imperativo): "O mais antigo, ou o mais velho dos membros de uma classe, instituição ou corporação".
ResponderExcluirMuito interessante o seu texto. Já pensei sobre esse tema em várias ocasiões. Olha, atualmente, não compro mais cd's, muito menos LP's, virei fã da música digital, até mesmo pq tenho mais essa facilidade (uma vez que até as lojas de discos da minha capital fecharam). Agora, eu ainda sou adepto da leitura de livros, revistas, jornais, da mídia impressa em si. Mas, acho que a internet engloba mais assuntos que certas edições impressas não possuem. Por exemplo: se vc quiser encontrar sobre a história de uma banda antiga, um tanto quanto desconhecida, algum blog ou outro site da internet ainda é a melhor opção.
ResponderExcluirO que não entendo? Numa época em que a mídia impressa perde espaço para a internet, ela não toma alternativas mais sensatas para o público consumidor. Como? Uma revista na banca sobe de preço cada vez mais e vem com pouco conteúdo e muita propaganda na maioria das vezes, o que obriga o leitor a correr para fontes na internet (downloads das próprias revistas).
Essa é a minha forma de pensar.
Eduardo, não sei porque estas revistas não estão correndo para fazer a versão eletrônica. A Ciência Hoje é um exemplo, a minha esposa a assina. Se fosse eu já teria suspendido a assinatura porque acho uma cara de pau deles não terem feito a versão eletrônica. E não adianta falar daquele site ridículo que eles mantém no UOL com uma procura tosca que lembra o Yahoo da década de 90 de tão ruim.
ResponderExcluircomo sempre.. mto interessante ^^
ResponderExcluir_____________________________
Aproveitando pra divulgar mais um de meus videos
http://www.youtube.com/watch?v=DTB_ZBB_iIQ
www.bleester.com
assista e comente pliz ;)
Não cometa heresias, meu caro... A era analógica está e estará para sempre presente em nossas vidas. Na minha área, a de Eng. Eletrônica, sabemos que tudo que é digital é feito a partir do analógico...
ResponderExcluirComo você disse, os modems são analógicos. Verdade absoluta, eles convertem de digitalpara analógico e fazem o oposto.
A sua Wireless, também transmite analogicamente, pois é uma natureza da transmissão por rádio frequencia ser analógica. A codificação e os dados que nessa onda viajam é que são digitais...
O HD do seu computador cheio de bits é analógico, pois toda a informação para ser gravada no HD é convertida para valores analógicos. E a leitura recompõe esses valores novamente na forma digital. E isso não apenas por causa dos motores, é que essa é a melhor forma de gravar os dados digitais no HD.
Ah, mas teremos discos SSD e os pendrives de estado sólido... Sim, mas o que possibilitou isso, foi a criação de uma memória flash analógica com o nome de MLC Flash ou para os íntimos ANALOG MLC Flash, simplesmente ao invés de gravar digitalmente ou o 1 ou o zero, grava-se analogicamente no mesmo espaço até 4 níveis de voltagens que representam 4 combinações de bits digitais.
A sua câmera digital, com o sensor CCD ou CMOS també obtém as imagens de forma analógica, o processamento interno da máquina que transforma esses dados em digitais...
O seu MP3, o seu CD para ser ouvido por você que é uma pessoa analógica, na hora da amplificação converte tudo para analógico.
Os seus olhos funcionam analógicamente, pois trabalham com variações contínuas de voltagens ao invés de bits...
Não tenha ódio do mundo analógico, ame-o pois o coração de qualquer aparelho digital, é um flipflop feito de... transistores, capacitores, resistencias... TUDO COMPONENTE ANALÓGICO, trabalhando no modo de dois estados, daí surgiu o nome DIGITAL.
O digital é um dos modus-operandi do analógico.
Como o digital possibilitou a evolução dos aparelhos analógicos, esse acabou tornando-se uma nova categoria, mas o digital nunca existe sem o analógico.
Shaolin, não troco os meus LPs analógicos por formato digital nenhum. Pena que o mercado tenha pendido inapelavelmente para os formatos digitais, por comodismo, tamanho, etc., mas com perdas irreparáveis de qualidade.
ResponderExcluirVocê tem razão sobre a continuidade da tecnologia analógica, que no fundo continua sendo a matriz de todas as outras tecnologias.
A tecnologia analogica de ultima geração em som vem mantendo otimos indices de qualidade inclusive, sendo melhor que a digital em alguns equipamentos para som.
ResponderExcluirEu prefiro mil vezes o som analógico em todas as etapas: captação, gravação, mixagem e finalização.
ResponderExcluir[ um aparelhinho que converta o sinal analógico, que chega pelo par de fios de cobre, em sinal digital para eu me conecte ao Mundo Novo. ]
ResponderExcluirUm pequeno engano aí colega. Para que você possa conectar seu modem ADSL na linha telefônica e este funcione adequadamente, a linha entre sua casa e o provedor precisa ser digital. O que o modem ADSL faz é simplesmente separar sua linha digital em faixas (mais ou menos com faixas de trânsito) para que dados (modem) e voz (telefone) transitem em canais diferentes em uma mesma linha digital. Vide a necessidade de filtros ADSL para conectar os telefones à rede.
Sem que sua linha fosse digital, o máximo que você conseguiria seria plugar um dial-up Modem, este sim conversor entre analógico e digital, mas que devido as limitações da linha analógica, tem um limite baixo da velocidade de transmissão de dados.
Aranha
Aranha, só aceito o fim definitivo da herança de Graham Bell quando a linha for incompatível com os aparelhos do século passado. Mas, a sua ressalva é boa, para fazer um sistema retro-compatível as companhias telefônicas tiveram que apelar para a multiplexação.
ResponderExcluirAí chegamos num outro dilema: ainda é muito antigo falarmos em termos de "linha" de par cobreado, quando o ideal seria termos um cabo de fibra ótica chegando diretamente ao computador.