1- Mal de Alzheimer.
Em face do aumento brutal da expectativa de vida, doenças degenerativas que não existiam a um século atrás surgiram inesperadamente. Um dos grandes dilemas pós-modernos é que se por um lado as pessoas estão vivendo mais, por outro, elas continuam se aposentando aos 40 anos como se fosse o fim da vida. Então, sem atualizações, sem cursos, sem leituras, sem produção intelectual, em suma, sem participação ativa na sociedade, a tendência do cérebro é seguir a lei da natureza que desativa todos os dispositivos orgânicos que não estão sendo usados.
Quadro "Rock Figure after the Head of Christ in the 'Pieta' of Palestrina by Michelangelo, 1082" de Salvador Dali
Conselho de moral, se é que você precisa de um: não deixe para fazer na aposentadoria o que você pode fazer hoje. Não adie indevidamente aquele curso de piano, pintura, literatura, filosofia, aquele viagem dos sonhos. Pois, no seu futuro de velhice você não fará nada que já não tenha feito na mocidade.2- Obesidade.
Ninguém mais precisa pegar no pesado para caçar, plantar, criar e preparar a própria comida. Em tempos de elevadores, carros, climatização, o sedentarismo se tornou o mal do século, agravado pelo hábito generalizado do consumo de alimentos industrializados hipercalóricos e paupérrimos nutricionalmente.
[Webix]
3- Transtorno Obsessivo compulsivo.
A série televisiva Monk explicita muito bem o que é esta doença. Nela, um portador glamuralizado de TOC vive inúmeras situações que descrevem bem os males deste mal. Qualquer pessoa que começa a levantar dezenas de vezes durante a noite para verificar se a porta está fechada, ou se, de tanto lavar as mãos, acaba produzindo feridas, deve urgentemente procurar atendimento psicológico.
4- Pânico.
Um quadro que pode estar associado à síndrome do Pânico é o Burnout. Foi o que aconteceu com a Britney Spears, que numa explosão de fúria atacou o carro de um paparazzi, talvez provocada por múltiplas pressões sociais que assomam sob a forma de rompantes agressivos. Uma manifestação menos estrepitosa é o portador se refugiar por anos em casa, ou no quarto.
5- Dependência de drogas.
A dependência química ao álcool e às drogas é uma consequência do isolamento do sujeito. Como resistir lúcido à mesmice de uma vida vazia?
6- Transtorno do sono.
A maior queixa dos indivíduos hiperconectados é a ausência de sono. Ora, ao contrário dos nossos antepassados que dormiam quando escurecia, os nossos lares são verdadeiras armadilhas luminosas. A extinção da noite devido à luz elétrica trouxe consigo a necessidade de abreviamento cada vez maior do sono. Para os internautas então, isto virou uma praga, pois a Internet nunca dorme e eles tendem a dormir cada vez menos.
Para conviver com a falta crônica de sono os japoneses desenvolveram a arte do Inemuri, que é o aproveitamento do tempo de deslocamento para fazer aquilo que não fizeram durante a noite e para isto eles empregam dispositivos bizarros que os permitem dormir em pé no metrô.
7- Depressão.
Este transtorno psíquico já foi considerado o mal do século XXI. Existem tantos depressivos na Europa tomando remédios para o mal, que os habitantes das grandes cidades ingerem compulsoriamente alguma dose do antidepressivo Prozac, já que a substância se encontra diluída na água que um dia foi esgoto e que os sistemas de tratamento não tem condições técnicas para extrair.
8- Nomofobia.
A ansiedade provocada pela falta de conexão eletrônica, seja através de telefone, ou Internet está sendo considerada uma nova doença que tem acometido principalmente os adolescentes. Responda este teste, o que acontece quando você esquece o celular em casa?
a) não dá bola;
b) pensa que vai fazer falta, mas não vale a pena voltar para pegá-lo;
c) telefona para a sua casa e pede para algum parente trazê-lo;
d) começa a suar frio, sente o mundo desabar sobre os seus pés e volta correndo para casa para pegá-lo. Se você optou pelas respostas c e d, é melhor começar a se preocupar com o assunto.
O mesmo vale para quando você fica sem conexão com a Internet. Eu, pelo menos, fico zanzando como um zumbi.
Mais sobre Nomofobia em [Blogpaedia]
9- Anorexia.
O mundo Fashion é estruturado pela anorexia e só anoréxicas tem alguma chance nele. As adolescentes com potencial para se tornar modelos sabem as regras do jogo e se enquadram nele. Eventualmente alguma figura pública das passarelas morre e a impressa explora o assunto durante algum tempo... até que tudo cai no esquecimento e os esqueletos voltam a reinar em paz.
10- Vigorexia.
Este é um dos chamados transtornos do espelho. Com a massificação dos estereótipos de beleza baseados na barriga de tanquinho, culto à massa magra e ódio à celulite, alguns indivíduos se viciam em exercícios físicos, não mais como uma forma de saúde, mas sob a égide do malhar a qualquer preço. Acrescente-se a isto o fato dos portadores de vigorexia abusarem de anabolizantes sintéticos e temos o quadro completo da dor.
Mais detalhes sobre Vigorexia no [PsiqWeb]
11- Dismorfia Corporal.
A galeria de horrores das celebridades portadoras deste mal é enorme. Jocelyn Windenstein, Tabitha Stevens, Michael Jackson, Cher, etc. Quando uma pessoa transfere todas as suas aspirações de vida à ponta do bisturi do cirurgião, ela está sofrendo do mal da dismorfia corporal, cujas vítimas aparecem com bastante destaque no programa “Dr. Hollywood” que passa aos domingos às 23:15 horas na Rede TV.
Pergunta curiosa: qual imagem a milionária suiça Jocelyn Windenstein, famosa no mundo inteiro pela sua colossal Dismorfia, está vendo no espelho?
Mais detalhes sobre Dismorfia Corporal na [Revista Época]
Leitura adicional:
Doenças da vida moderna. [Ajuda Emocional]
Consumidos pelo Consumo. [Agsolve]
Muito difícil combater essas doenças.
ResponderExcluirUm bom exemplo é o Filme Wall-e, pois além de falar da questão ambiental, mostra como será o homem pós-moderno, ainda mais obeso.
Eu sou e sei como é díficil.
Richard,
ResponderExcluirEis a questão, deixei o texto aberto justamente para abrir a discussão sobre a contemporaneidade. Alguns movimentos pregam o uso racional dos bens facilitadores, consumo consciente, volta à natureza, etc.
Qual será a saída? Algumas pessoas em situação "border line" conseguem mudar radicalmente a vida, como uma decisão extrema para preservá-la principalmente depois de um ataque cardíaco. Mas, será que devemos deixar as coisas chegar a tanto extremo? Todos sabemos que não, mas aparentemente o conforto suprido pelo útero das grandes cidades e este estilo de vida desconectado com a natureza são demasiadamente fortes para que mudemos precativamente.
Apesar de um convívio saudávelem família, os comentários de outras pessoas pode acabar com a confiança de quem está com a personalidade em desenvolvimento, tonando-as vulneráveis a desenvolver os transtornos psicológicos como a anorexia, vigorexia e a dismorfia corporal. Além da influência que a mídia impõe sobre a importância de um corpo perfeito (que sequer existe).
ResponderExcluirBrilhante essa postagem, e revela que os seres humanos desse século estão tão antenados com instrumentos, invenções, correrias, causas e defesas, que não percebe o que faz com seu corpo. O tempo não é mais admirado, nem visto, só lembramos dele, quando já estamos velhos ou quando perdemos algo que nos era valioso.
ResponderExcluirAcho que este tipo de comportamento que busca uma aprovação social está relacionada a uma baixa auto-estima. É triste...
ResponderExcluirJosé Elias, você tocou no cerne da questão; infelizmente a sociedade moderna está fundamentada nas aparências e não na realidade. Isto remete a uma discussão sobre as bases do capitalismo e da mais valia, onde você vale mais do que pelo que consome e pelo que tem, do que pelo ser.
ResponderExcluirEu, Leslye de Paula,acredito que a sociedade pós moderna não mais se preocupa em ter, mas em parecer ter/ser, por isso se instalou esse comportamento de vaidade exarcebada. Alguns males, como o da disformia corporal, atingem mais as classes altas. Creio que a DEPRESSÃO, talvez causada pela cobrança do próprio indivíduo em relação a si mesmo não como identidade, mas como imagem, seja o maior mal da pós modernidade.
ResponderExcluirBem legal a sua reflexão Leslye de Paula,
ResponderExcluiradicionado ao grave problema moderno do Ter, nos vemos em pleno reinado do Aparentar. Já a dismorfia, infelizmente está atingindo todas as classes, em que a pobre economiza anos até ter dinheiro suficiente para a plástica que pretensamente a alçará a um novo padrão de vida.