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9 de jul. de 2009

A importância da catação para a sociedade!


A formação de sociedades cooperativas é bastante difundida entre os mamíferos, porque amplia seu sucesso na caça ou obtenção de alimentos[1], defesa contra predadores, reprodução, cuidados com a prole, entre outros[2].

Porém, a vida em sociedades depende do eterno balanço entre cooperação e competição, pois um dos grandes revéses dos grupos sociais é o fato de agruparem indivíduos que competirão pelos mesmos recursos alimentares. Por isso é necessário que além das “utilidades” a vida em grupo estabeleça vínculos que podemos chamar de “futilidades prazerosas”, a fim de manter os grupos sociais mesmo nos tempos de bonança!

Quando os vínculos reúnem a “utilidade” com a “futilidade prazerosa” são perfeitos, significando que o cérebro produz sensações de prazer durante a sua execução! Em primatas, um vínculo desse tipo é a catação.

O vídeo abaixo apresenta um casal de primatas[3] dedicado à catação. Nós o fizemos no Zoológico de Berlin em fevereiro de 2008, através dele é possível “sentir” o prazer desse vínculo social, tanto para quem cata quanto para quem é catado.

No caso humano o que aconteceu com a catação?

A locução: “Vai te catar!”, funciona como um xingamento. Mas, até “ontem”, em termos evolutivos, ele foi bastante útil no combate às pragas como pulgas, piolhos e chatos. Porém, por sermos um “macaco pelado”[4] e termos desenvolvido eficientes tecnologias de combate aos parasitas ele não tem o mesmo teor.

Qual é então nosso vínculo social que melhor equilibra a utilidade com a futilidade prazerosa?
Sem dúvidas é a linguagem! Nossa característica marcante é o prazer que a linguagem nos proporciona, além de sua mera utilidade. Herbert S. Terrace pesquisou a aquisição de linguagem pelos símios e constatou que os seres humanos são dotados de uma capacidade única: eles não se limitam a repetir quando falam; eles criam [5 e 6].

Por: Gladis Franck da Cunha.

Referências e notas:
[1]- Fonte da ilustração: WAAL F.B.M. Como os animais fazem negócios. Scientific American Brasil, maio de 2005.

[2]- POUGH, F.H; HELSER, J.B; McFARLAND, W.N. A vida dos Vertebrados. 2ed. São Paulo : Atheneu, 1999.

[3]- As espécies monogâmicas de primatas apresentam pouco dimorfismo sexual, ambos compartilham os cuidados parentais e defesa do territorial. A prole é expulsa do território dos pais na adolescência (veja referência da nota 2). Não sei identificar qual é a espécie, pois não anotei o nome científico e o nome popular estava em alemão. O fato de estarem somente dois indivíduos por “cela” caracteriza a monogamia.

[4]- Atila Lamarino, no blog Rainha Vermelha, discute como perdemos nossos pêlos sob efeito da evolução e de parasitas, enfatizando que temos mais parasitas que os outros primatas. Exemplifica que pulgas são um privilégio humano e trazem doenças graves como tifo, peste bubônica e outras. Argumenta que, por este motivo, quem tinha menos pêlos, era mais saudável.

[5]- MALTA, I. O macaco que quase virou gente. Blogpaedia, Julho de 2008.

[6]- CUNHA, G.F. Percepção de mundo e educação do olhar. Diversae, outubro de 2007.

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