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17 de abr. de 2008

De que modo a arte contemporânea se relaciona com o público?

É de senso comum ligar o conceito de arte contemporânea ao vanguardismo das artes plásticas. Apesar da arte plástica pertencer ao conjunto da arte contemporânea, ela não é nem o seu elemento preponderante e nem a determinante de tendências.

Sob o ponto de vista geral, englobadas todas as manifestações artísticas contemporâneas, o seu grande elemento dinamizador, desde o início do século 20, foi o processo industrial. Dos experimentos iniciais dadaístas à música Techno multiplexada por DJ’s com recortes eletrônicos, passando pelo visionário criador da arte de linha de seriada Andy Warhol, a reprodução da peça artística criou a lógica do produto artístico vendável e consumível.

Ao se tornar produto consumível, a arte tornou-se popular e as forças que dominaram as artes populares foram basicamente tecnológicas e industriais: imprensa, câmera, cinema, gravações de música, rádio, televisão, etc. Assim, graças às linhas de montagem industrial, a arte vira ícone, que vai ser impressa em camisetas, guardanapos, toalhas, louças, roupas, produtos que são telas porque a arte contemporânea extravasou os museus e se tornou objeto de uso pessoal.

A arte contemporânea não está alienada do grande público. Ao contrário, com seus milhões de peças representa um dos principais argumentos para a vendagem de produtos que a sociedade consome avidamente. Então, no momento em que a essência da arte deixou a esfera privada da relação solitária artista-apreciador, um novo tipo de relação se impôs: o artista como designer industrial sem relação direta com o público consumidor.

No momento em que as áridas discussões artísticas foram substituídas pelas relações de compra e venda, a relação entre o artista e o público foi substituída pela capacidade dele em vislumbrar o gosto médio do consumidor, para que possa “fabricar” peças que atendam as exigências estéticas do momento. Na era dos ícones Che Guevara, Marilyn More, Lênin, Elvis Presley, Beatles, Papa, Cirque du Soleil, Blue Man Group, espetáculos da Broadway e novelas da Globo, a moda dita a arte, porque arte contemporânea é consumo massivo, é produto descartável, não só porque é feito de plástico reciclável, mas porque quando cai da moda – ninguém mais quer usá-lo.

A arte primitiva, aquela que antes era a única, relacionada às academias e museus, continua persistindo como um ícone da era manufatureira, mas sem público significativo.

Arte contemporânea, processo industrial, Andy Warhol, massificação, objetos pessoais, ícones

Um comentário:

  1. Isso lá é verdade. Existe, sim, arte para consumo, assim como existe cachaça para exportação. É um segmento.

    Mas, infelizmente, parece que todos os segmentos de criação, sejam artísticos ou não, fatalmente se venderam, mesmo que parcialmente. Isto é a consequência geral do capitalismo que domina praticamente o mundo inteiro, e se alguém quer comprar, por que não vender? Principalmente levando em conta que arte trabalho pra fazer, sim.

    Mas regozijem-se, ainda existe arte pura por aí! É só saber onde procurar...

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