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19 de ago. de 2008

Estamos sozinhos no universo?

Eis um tema capaz de engajar simultaneamente o ceticismo discordiano, científico, nonsense e filosófico dos 1001 Gatos de Schrödinger e o acreditismo espiritualista do Saindo da Matrix.

Certamente, apesar dos esforços destas duas correntes de pensamento serem canalizados em direções antagônicas: a ciência sondando o espaço distante do fundo do universo e o espiritualismo se voltando para a dimensão dos mortos, ambas tentam responder a pergunta, que vai além das dúvidas fundamentais do ser, resumidas nas questões da esfinge: quem somos, de onde viemos e qual é o sentido da vida? Extrapolando tais preocupações de foro individual, existe o problema da angústia da solidão cósmica aliada à finitude existencial: há vida inteligente fora da terra e a morte representa o fim do indivíduo?

Uma tentativa de resposta foi a construção de imensos “ouvidos eletrônicos” dirigidos para os confins do universo e a outra foi o desenvolvimento de sistemas de gravação de ruídos caóticos emitidos por dispositivos eletrônicos dessintonizados. Apesar da ciência captar as flutuações eletromagnéticas do vácuo interestelar e os empreendimentos paranormais registrarem a estática de aparelhos receptores, ambos se complementam na auscultação do nada.

O que há de comum entre Tvs fora de sintonia, radiotelescópios, aparelhos de rádios de ondas curtas e gravadores? Todos estes aparatos são usados para estabelecer contatos com algo além da realidade cotidiana. Assim, neste momento, centenas de antenas parabólicas, milhares de computadores e inúmeros gravadores registram milhões de horas de ruídos. São instrumentos dessintonizados, mantidos por gente que acredita ser capaz de quebrar a barreira interposta pelos cinco sentidos.


Mas, não são apenas ufólogos e espiritualistas insones que passam noites em claro gravando estática de rádios de ondas curtas; a ciência, dentro do seu rol de crenças, investe por seu turno na radiação de fundo da galáxia. Para tanto, emprega caríssimos radiotelescópios que perscrutam o espaço à procura de mensagens que se sobreponham ao padrão eletromagnético emitido pela entropia cósmica.

O impulso intelectual humano, além de ser permanentemente atraído pelas coisas palpáveis, não obstante, também busca o imponderável. Quando a procura rompe os limites empíricos, aparentemente a ciência e o ocultismo fecham uma interface, ambos irmanados pela ambição do estabelecimento de contatos com dimensões supra-reais, no caso da ciência – civilizações extraterrestres, e no caso dos espiritualistas – vozes supra-dimensionais.

De qualquer maneira, tanto as iniciativas científicas, quanto as espiritualistas, quando postas a serviço da perscrutação do nada, têm em comum o sonho humano de superar a realidade posta aí, acreditando que há algo além dos muros contentores percepcionais, que restringem o universo ao visto, ouvido, cheirado, tocado e degustado.

Haverá algo além do silêncio interestelar? Nossos ouvidos eletrônicos ligados 24 horas por dia, varrem o universo há anos em busca de contatos. Quem sabe um dia, a nossa vida normal possa ser sacudida por vozes que despertem no nosso âmago um sentimento novo, o da solidariedade cósmica.

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Transcomunicação instrumental

What is SETI@home? SETI@home é um experimento científico que usa uma rede de computadores pessoais interligados através da Internet, que procura por vestígios de Inteligências Extraterrestres. Você pode participar, rodando no seu PC um programa freeware que faz o download de dados do telescópio Allen e analisa o espectro de radiofreqüências recebido. Quem sabe não será o seu computador aquele que detectará o sinal definitivo?

3 comentários:

  1. Recusar a idéia de que existe vida em algum outro lugar do Universo é ridicularizar a grandeza do tal. É probabilisticamente impossível que não haja vida em algum lugar dessa vastidão infinita. Acho que um questão importante é: será que o que para nós é ruído não seria para eles informação? E mesmo vice-versa? E a respeito da velocidade de propagação das ondas no vácuo, será que quando as ondas deles chegarem até nós, sua espécie não poderá estar mesmo extinta?

    Mas acho que vale a tentativa. Quanto à metafísica, não comento, porque já acho bem menos, digamos, "palpável". Mas nada exatamente contra. Tudo vale a pena se a alma não é pequena.

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  2. Escrivi num primeiro tempo a questão das civilizações poderem estar extintas quando seu sinal chega a nós, mas entreguei-a à perspicácia do leitor sagaz e parece que não passou batido.
    A conotação interessante sobre o imponderável é que aí, as ciências e não-ciências praticamente não se distinguem.

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  3. segue ai->http://juliastephanie9.blogspot.com/

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