Pergunta:
“Tenho um banco de dados que uso em diversos computadores. Sempre mantenho o arquivo num pen drive, conectando-o num computador que eu necessito rodá-lo. O banco de dados nunca sofreu backup e sempre ficou só no pen drive.
Um amigo me disse que eu estava cometendo um erro. Ele falou algo sobre o desgaste que mais cedo ou mais tarde vai acontecer e os dados no meu pend rive podem vir a se corromper.
É verdade? Mesmo os pen drives não tendo partes móveis, podem estragar com o uso?”
Resposta:
A recomendação genérica é que os dados armazenados em qualquer drive tenham backups regulares, antes cedo do que tarde.
O tipo de memória usado nos pendrives é a flash, assim como em outros aparelhos portáteis e é muito prática. De fato, posso carregar vários gigabytes num cartão SD e usá-lo no meu celular, MP3 player, câmera digital, etc. Porém há um lado obscuro que ninguém fala.
O desgaste das memórias flash.
Os chips destas memórias, que são chamadas de “flash” porque para a inicialização do processo de leitura/gravação, se dá através de um pulso do corrente elétrica atravessa toda a matriz da memória como se fosse um raio, semelhante ao flash de uma câmera fotográfica. Honestamente, não sei se as modernas memórias flash usam exatamente esta técnica, porém isto permanece pelo menos como uma metáfora que nos ajuda a compreender como a coisa funciona.
Uma vez que a memória tenha sido “iluminada”, a energia pode ser desligada e o chip retém os dados gravados nele.
O problema deste tipo de tecnologia é que o flash só tem efeito por um número limitado de vezes, aproximadamente de 10.000 a 100.000 vezes – que talvez aumente com o aprimoramento tecnológico. Por enquanto este é o limite, que quando é alcançado, algumas partes da memória deixam de “lembrar” o que foi gravado lá, resultando em corrupção dos dados. Mesmo que apenas um bit de informação fique inativo, ou “desgastado”, todos os demais dados armazenados naquele momento são perdidos.
Remapeamento de bad bits.
Alguns chips de memória flash, talvez a maioria, agora trazem integrado um circuito para mapear os bits pifados, ou seja, faz um escaneamento constante da matriz de bits para checar aqueles que se apagam, então o chip pode desligá-los para preservar o resto. Mas o mapeamento não funciona à prova de erros e não previne a falência final, apenas a posterga
Na situação descrita na pergunta acima, o pend rive está sendo usado nas piores condições possíveis de longevidade. Principalmente os bancos de dados fazem uso intenso do disco – eles têm muitas de tabelas, campos e índices que deve ser atualizados o tempo inteiro. Mesmo que o banco de dados não esteja sendo alimentado, os arquivos são atualizados em suas informações administrativas, tais como último acesso, log, etc., o que demanda constantes gravações no pen drive.
Portanto, evite rodar diretamente no pen drive aplicativos que fazem uso intenso de disco.
Diante do grande número de gravações disponíveis – 10.000 a 10.000 vezes – fica difícil imaginar que ele possa ser atingido. Porém, lembre que em caso de má sorte, a falha de apenas um bit pode causar a perda de todo o conteúdo armazenado.
O melhor uso de pen drives e outras memórias flash é copiar deles e voltar a gravar neles. Isto quer dizer que o melhor procedimento é sempre transferir os dados para o HD antes de processá-los e, terminado o processo, copiá-los novamente para o pen drive. Jamais rode aplicativos que fazem uso intenso do disco, usando o pen drive como HD. Se você copiar para dele e gravar nele até 10 vezes por dia, a sua duração estimada será aproximadamente três anos e, supondo-se o menor número de gravações.
Sim, eu sei que isto não é exato, de fato, as coisas são mais complexas e dependem do tipo de sistema, FAT ou NTFS, da eficiência do drive e até dos circuitos específicos de controle embarcados no chip – porém dá para ter uma idéia da magnitude do problema.
Por outro lado, o uso de memórias flash apenas como backup aumenta velocidade do aplicativo, pois quando seus dados são transferidos para o HD, o tempo de leitura de uma memória flash é extremamente rápido, ao passo que é lento na gravação.
Finalmente, se você precisa realmente de um armazenamento externo, um pen drive pode ser a pior solução para o seu problema. Há um grande leque de soluções em discos rígidos externos que podem fazer o mesmo trabalho sem as limitações de gravações, e talvez, uma solução de rede seja o melhor caminho.
Fonte:
Ask Leo! - Can a USB thumbdrive "wear out"?
Oh, céus... eu iria publicar um texto sobre isso mais cedo ou mais tarde, e deveria ter feito mais cedo... Enfim, "quem vai ao ar perde o lugar", me conformo.
ResponderExcluirDe fato, memórias do tipo flash tem essa "pequena" desvantagem contra elas. Inclusive eu fiz um trabalho que era justamente um projeto de alterações no Linux para funcionamento em pen drives(coisa que já existe, mas valeu um 8 em 10 pelo menos pelo esforço...) por causa do monitoramento do sistema por meio dos numerosos logs.
O procrastinador contumaz (segundo a tua própria auto-definição) às vezes tem alguns revezes.
ResponderExcluirMas o assunto não se esgota por aí.