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28 de out. de 2008

Apertem os cintos e não entrem em pânico, pois o piloto da crise sumiu!

A mal falada, mas sempre útil Wikipédia me socorre na definição do termo crise, equivalendo-o ao vento, alternância de estado, uma mudança necessária que significa a impossibilidade de retorno ao que era antes.
A metáfora imediata é a queda do avião, quando um surto instantâneo de falência estrutural transforma instantaneamente a aeronave numa sucata disforme. A metáfora menos evidente é a própria vida: viver é a travessia mais ou menos incólume no mar das crises, até que a crise maior da morte soçobre a frágil embarcação da vida.

Em 1989, a crise da queda do muro de Berlim, aquele que, erigido em nome do martelo e da foice, foi destruído a marteladas.

Em 1989 fomos felizes e não sabíamos! Caia o muro de Berlim e com queda, foi proclamada a supremacia do sistema capitalista. A humanidade havia encontrado o seu fim-de-história, marcado pelo supremacia definitiva do mercado. Doravante, ele comandaria e se auto-determinaria.

Num exemplo de “crise do bem”, o colapso do comunismo redundante da queda do muro de Berlim, se por um lado encheu alguns corações de alegria, por outro, significou o fim de um sonho: doravante a humanidade estaria nas mãos cruéis e sanguinárias do mercado e entregue a sanha das restrições cada vez maiores ao Welfare State.

Parafraseando a queda do muro de 1989, seria 2008 o ano que todos gostaríamos de ter um muro para derrubar no fim do beco sem saída?
Em 1989 renunciamos ao sonho das utopias socializantes e nos embalamos no sono do mercado. Em 2008 alguém nos acorda abruptamente do nosso idílio capitalista com a notícia de que o auto-suficiente, onipresente e magnificente mercado está precisando do rico dinheirinho dos nossos impostos, para salvar especuladores falidos.
Acordamos para a realidade de que o mercado não está conseguindo resolver os seus próprios problemas.

Enquanto o mercado agoniza num beco-sem-saída, Sabrina Sato tenta entender a Bolsa de Valores.
Quando caiu a Bastilha, ou a biblioteca de Alexandria queimou, o povo continuou sua imperturbável rotina, o que me faz lembrar o programa Pânico na Tv do dia 19/10/2008, em que a filósofa brasileira Sabrina Sato apresentou o quadro “Decifrando a Bolsa de Valores”:

A dublê de entrevistadora de especialista em mercado financeiro resume as suas dificuldades intelectuais em apreender a complexidade do assunto na seguinte frase: “Entender a bolsa é muito difícil, é muito artifício!”

Logo a seguir, Sabrina estabelece um diálogo surreal com os populares, que demonstra o porquê do povo de Paris não ter aquilatado o tamanho do fato histórico da queda da Bastilha, pois em meio à balbúrdia reinante naqueles dias, o lema estava mais para o "salve-se quem puder".

Sabrina: - É a maior crise financeira mundial! Vocês sabiam disto? O povo responde: não, não, não.
Sabrina: - Vocês não estão sabendo da crise, porque vocês estão parados ao invés de estar trabalhando! Vai trabalhar povo brasileiro!

[A apresentadora passa a entrevistar um incauto.]
Sabrina: - Você acha que o Brasil vai ser afetado com a crise?
Popular: - Não estou acompanhando isto não...
Sabrina: - Você tem medo da guerra?
Popular: - Ah, não tá tendo...
Sabrina: - Você não tem medo de ser abduzido?
Popular: - não ocorre...

Moral da história: por mais que a crise singre os céus em desgoverno, arrastando consigo todos os dinheiros da bolsa, o povo não tem medo dela e muito menos da abdução. Que o piloto da crise invente outras formas de amedrontá-los, pois a “crise do Bush” não está conseguindo!

3 comentários:

  1. E existe crise? A mídia afirma, mas nas empresas por onde ando tudo continua igual. Os preços dos produtos também.

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  2. Essa crise é uma embromação eleitoral norte-americana, passada eleição tudo vai começar a voltar ao normal... vcs vão ver...

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  3. Tbm acho que quando passar as eleições tudo vai voltar ao normal!

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