Antes de tudo, Escher foi um homem que precisou viver do seu trabalho e para tanto, ele aceitava quase todas as encomendas que lhe garantiam o mínimo sustento e a condição para continuar fazendo o que mais gostava: a expressão da realidade peculiarmente deformada, porém sem perder as características reconhecíveis nos objetos de convívio cotidiano.
Icosaedro com motivos de estrelas-do-mar e conchas. Caixa de bolachas encomendada por uma fábrica holandesa e produzida como brinde por ocasião da festa dos 25 anos da sua fundação.
Nenhuma das encomendas resultaram em obras novas e de grande importância, elas não lhes davam inspiração, muito antes pelo contrário. Para as suas obras de encomenda, ele escolhia temas e esboços que já tinha experimentado em obras independentes. Isto é de certo modo natural, pois os clientes encomendavam a Escher justamente aquilo que já conheciam, ou seja, as formas já consagradas e que queriam de alguma maneira vincular aos seus propósitos artísticos ou comerciais.
Pilar de azulejos vitrificados na Nova Escola Feminina de Haia, na foto à direita, o detalhe dos azulejos.
As influências sobre Escher vieram das suas viagens a lugares exóticos, tais como Alhambra e Granada na Espanha, onde descobriu os azulejos dos Mouros. O despertar para a arte árabe marcou profundamente a sensibilidade do artista, tanto que lhe despertou o interesse pela divisão regular do plano em figuras geométricas que se transmutam.
Porém, diferentemente das restrições de ordem religiosa impostas sobre os motivos árabes, Escher podia trabalhar com outras figuras além das abstratas, tais como peixes, pássaros, anjos, demônios, répteis. Eram figuras concretas existentes na natureza e que serviram às suas experimentações e justaposições. Um exemplo exaustivo de transfiguração pode ser encontrada na obra pública que Escher fez para a sala principal do Correio nacional de Haia, onde num painel de parede há uma versão aumentada da sua Metamorfose II.
O último grande mural foi terminado em 1967. O engenheiro Bast, Diretor dos Correios, tinha pendurada no seu gabinete de trabalho a grande gravura Metamorfose de 1940 e contemplava-a sempre, durante as reuniões enfadonhas. Por isso, encomendou esta Metamorfose bastante aumentada, para ocupar uma parede de 42 metros de comprimento do Hall. Devido ao tamanho, Escher precisou setuplicar a obra, num trabalho que lhe consumiu meio ano, pois teve que adicionar mais três metros. Este mural foi o canto do cisne de Escher em termos de grandes obras.
Uma pequena encomenda de 1968 foi a última: o revestimento de dois pilares numa escola de Baarn.
Exemplo de reprodução casual de uma parte da Metamorfose II de Escher, na fachada de um edifício recém restaurado no centro de Madri. O fotógrafo que colheu a imagem, narra que no caminho para visitar a exposição “A arte do impossível”, se deparou com esta obra surpreendente.
Fontes:
O Espelho Mágico de M.C. Escher de Bruno Ernst.
Mauritus Cornelis Escher.
PUUUTSSS quero um desses na minha casa!
ResponderExcluirPois é, caro Rafael, eu também quis um desses na minha casa. Mas como não tinha mais espaço para nada, resolvi escolher o teto do corredor para transformar em um cardume de peixes "escherianos", indo e vindo em todas as quatro direções da rosa dos ventos... E lá estão eles, alimentando a minha frustração, desde o primeiro semestre, por não ter tido ainda tempo hábil para, depos de devidamente desenhados a partir de um módulo de base, pintá-los.
ResponderExcluirUma dica das boas: o livro "Caleidociclos de M. C. Escher", de Doris Schattschneider e Wallace Walker. Com ele você pode montar seus próprios caleidociclos, que vêm impressos em papel especial, bacana, é só cortar nos picotes, uma viagem!
Agora, um conselho: é livro pra não emprestar! E quando montar algum desses brinquedinhos,não deixe ninguém levar pra casa (tô te falando por experiência própria).
Have fun!