Conceito Cyberpank: é um gênero estético nascido dos exercícios literários de futurologia sobre os aspectos negativos da interação entre seres humanos e tecnologia.
Apesar de muitos considerarem o movimento cyperpunk extinto ainda nos anos 80, ele está mais vivo do que nunca. Não obstante, é preciso estabelecer critérios para o reconhecimento das suas manifestações.
Impactos negativos do tecnicismo sobre o humanismo:
num dos futuros possíveis, ante o risco eminente dos aparatos tecnológicos assumirem abruptamente o controle das mediações sociais, são criados reinos anti-utópicos de domínio das máquinas sobre os humanos. O tema da civilização humana sob o poder das máquinas, além de comum na literatura cyberpunk, é um elemento indispensável no reconhecimento das obras – as civilizações pós-apocalípticas que se debatem no crime e na droga, tal qual acontece no Filme Nirvana, ou no pós-guerra mundial entre máquinas e humanos do filme Matrix.
Exemplo: a realidade do filme Nirvana é pintada como um mundo dominado pelas drogas e tipos esquizóides baseados no looking dos consumidores de drogas.

Fusão entre humanos e máquinas:
a ambigüidade entre ciborgues, programas “conscientes” e robôs, cria a nebulosidade necessária para ofuscar as diferenças entre humanos e humanóides. O lusco-fusco da fusão entre homem e máquina acontece entre o extremo dos filmes japoneses em que a união é invasiva, até abordagens mais suaves, onde os programas passam a assumir papeis tradicionalmente desempenhados por humanos.


Controle corporativo sobre a sociedade – um derivativo da teoria da conspiração: é freqüente o aparecimento de uma entidade de caráter absolutista, algumas vezes representada por uma corporação, outras por um governo. O temática das corporações de desenvolve num clima de futuro anti-utópico, onde os últimos traços de civilização ficam reservados ao intramuros de cidades protegidas, porém sem a permissão de direitos civis, que são solapados em nome da auto-preservação do da espécie humana.
Ambientes underground:
enquanto a elite dirigente guardiã da civilização preservada, vive protegida por fortes esquemas de vigilância, ao oprimido resta o refúgio em subterrâneos, onde vive à margem tanto dos bens civilizatórios, como do controle exercido sobre os cidadãos da superfície.
Exemplo: é a realidade de Metrópolis, o pioneiro dos filmes cyperpunk. Os operários trabalham e moram nos subterrâneos da cidade.

Temática comunicacional:
é uma das temáticas mais caras ao gênero cyberpunk, o fluxo de informações, suas interações e suas interferências na vida real, fornecem o espaço ideal para que hackers e piratas de redes se movimentem. As conexões entre os seres humanos e as redes provocam a deformação da realidade, condição necessária para a revogação das distinções entre virtual e verdadeiro.
Os filmes Matrix I, Tron e 13º Andar têm suas locações quase que exclusivamente em mundos virtuais, criados pela disrupção massiva de dados informacionais no espaço exclusivamente orgânico dos humanos.

Visual e estilo:
o visual cyberpunk costuma apresentar características que oscilam entre o sombrio e o hiper-realismo, como no caso do filme Blade Runner, que é uma síntese perfeita do estilo Cyberpunk. A fotografia pode ser eventualmente dominada por uma cor preponderante, contrastando detalhes berrantes de néon contra fundos extremamente escuros.

A filosofia por trás do conceito:
O conceito Cyberpunk ao carecer de rigor filosófico, tende a ser enquadrado como um sistema estético, mais sujeito à mobilidade das apreciações subjetivas, do que às reflexões teóricas. Isto não impede as tentativas de se fazer distinções entre as produções meramente interessantes e aquelas legitimamente cyberpunk. Como tudo nas ciências humanas, a inexatidão e a variabilidade não podem servir de pretexto para a renúncia a qualquer rigor classificatório.
Assim, os critérios aqui expostos podem fornecer subsídios para que os cultuadores do estilo possam reconhecer as produções que atingem os requisitos daquilo que a maioria de nós aceita como realmente pertencentes ao gênero Cyberpunk.
Fonte: What is Cyberpunk?
Relação de Filmes Cyberpunk por décadas.
Se existe um tipo de ficção científica que se aproxima da realidade, este é o cyberpunk. As corporações já existem dentro da sociedade desde que surgiu a "Revolução Industrial" e as pessoas são controladas e condicionadas a serem dóceis e iludidas dentro de um sistema que lhes dá abrigo, mas lhes cobra uma lealdade incondicional. Aproveito para sugerir aqui dois títulos de livros cyberpunk famosos, escritos já há muitas décadas: Admirável mundo novo (Aldous Huxley) e 1984 (Gerge Orwell). O segundo eu ainda não li, mas o primeiro fala de uma época em que a civilização compunha-se de uma sociedade dividida em cinco castas diferentes, onde as pessoas já eram, desde o estado fetal, manipuladas e condicionadas, afim de assumirem o seu papel social. Nessa sociedade foi criado o SOMA, a droga oficial do Estado que substituiu o cigarro, as bebidas alcòolicas e qualquer outra droga que tenha existido até então. Sexo era liberado para todos, inclusive para as crianças que começavam a praticá-lo aos cinco anos de idade. Não havia mais o conceito de família, pois todos os cidadãos eram propriedade do Estado e somente os que pertenciam às castas superiores (os Alfas) é que conheciam a verdade sobre a engenharia social daquele mundo que eles controlavam. E nós? Será que não estamos caminhando para uma realidade assim? Deixo aqui, também, um endereço de uma página que fala sobre a sociedade de controle que já existe nos nossos dias. Leia o artigo do site e analise se você também não é controlado pelo sistema. Acesse: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/index.htm
ResponderExcluirBelíssimo adendo! Eu li o 1984 e o considero um dos melhores livros de todos os tempos. Uma parte do futuro sombrio de Orwell se realizou, na forma da desintegração do espaço privado através de câmeras e toda a sorte de aparatos eletrônicos para espionar o cidadão. Quando isto é feito por governos sadios contra indivíduos maléficos, é uma boa coisa. O contrário vira o pesadelo de Big Brother social, pois foi George Orwell o autor intelectual do BB que a empresa Endemol explora globalmente.
ResponderExcluiré sério? Ninguém nem citou o livro Neuromancer, de William Gibson?
ResponderExcluirEsse livro além de ser um dos criadores do cyberpunk, ainda preveu o mundo que seria hoje, de hackers e firewalls, no ano de 1983!Além do mais genuíno dos livros cyberpunk, ainda com certeza á o melhor do gênero.Quem curte cyberpunk é obrigado a ler esse livro, pois ele veio antes de Tron, Matrix, 13 andar e com certeza de Nirvana, que é um filme que copia explicitamente o Neuromancer, além de nem ser um filme tão legal.No gênero cyberpunk, o que curto mais são as coisas sombrias de uma sociedade gigantesca, as metrópoles sombrias e enormes.