Na idade de ouro da tecnologia heróica, dos arranha-céus monstruosos ocupando o espaço de quarteirões inteiros, aeródromos preenchendo terraços, amplas passarelas tubulares de pedestres, estranhas ruas de metal vazias de tráfego, até gigantescas rampas de lançamento espacial de onde partiam foguetes para o céu, sem ensurdecer os moradores, graças aos supressores de som.
A cidade representa a iconografia do futuro. Em vários filmes de ficção científica do gênero Cyperpunk, os roteiristas imaginam construções incríveis com carros voadores zumbindo como se fossem insetos mecânicos automatizados. É o que se vê em Metrópolis, Bladerunner, Just Imagine, Things to Come e alguns outros filmes que abordam a temática futurista.
Por isto é possível dizer muita coisa sobre uma cidade imaginária, estudando a cultura do seu passado. Nova York parecerá diferente de Londres, simplesmente porque Nova York É diferente de Londres. Os arranha-céus de Nova York mantém suas características peculiares tanto no presente, como nas projeções de futurologia, porque a cultura desta cidade é única. O mesmo acontece com todas as metrópoles do mundo, que são inapelavelmente produtos históricos, sem que nenhum futurismo, por mais enlouquecido que seja, consegue apagar.
Nesta Nova York do amanhã projetada em 1932, nota-se o pequeno edifício Empire State, não apenas como um resíduo do passado por questões de preservação de escala, mas por uma questão de coerência histórica.
Por esta razão, Stanley Kubrik decidiu banir do maior clássico de ficção científica de todos os tempos “2001, uma Odisséia no Espaço”, qualquer cena urbana passada na terra. Kubrik pretendeu ser ambicioso na construção do seu futuro utópico, mas para tanto, ele sabia que não poderia lançar mão de nenhuma cidade terráquea existente na década de 60.
Para ser fiel ao seu novo futuro, o famoso cineasta sabia que deveria retratar uma cidade começada do zero, deveria se livrar da história das cidades, coisa que muitos roteiristas esquecem e terminam cometendo distorções intoleráveis em seus roteiros, por não considerar que Nova York jamais deixará de ser Nova York, e Brasília, agora que já possui um passado, também não poderá deixar de ser Brasília.
Exemplo de cidade apriorística, onde fica evidente a sua total artificialidade, ao misturar elementos árabes, grand canyon e circo Piccadilly.
Por falar em Brasília, um único lugar no mundo conseguiu gastar montanhas de dinheiro para realizar na prática um projeto Moderno Ufanista Futurista Utópico.
O presidente criador da dívida externa do Brasil, Juscelino Kubitschek, assim como Stankey Kubrik, sabia que a utopia de uma sociedade anti-séptica, industrial e sem problemas deveria ser simbolizada por uma cidade sem passado.
Em meio ao nada, Brasília foi erigida, preservada dos vícios das cidades do final dos anos 50. Sem calçadas, sem semáforos, sem esquinas e revogando definitivamente os espaços públicos.
Juscelino quis dar o tom da realização do futuro da sociedade nacional, transmutando e transplantando o coração do poder para o centro do Brasil. Só esqueceu a alma, que ficou na cidade imperial do Rio de Janeiro.
Museu dos Povos Indígenas I - Flickr.
O futuro não se realizou exatamente como o visionarismo dos tempos da construção de Brasília previra, porque o mundo se tornou muito mais cruel, porque a tecnologia não se tornou a panacéia universal e porque o povo tomou de assalto o plano piloto, humanizando a maquete vazia de Oscar Niemayer, esculpindo barracos à sombra do poder.
Os cidadãos brasileiros não deveriam estranhar porque seus políticos federais vivem no mundo da lua, já que a opção de mudar a capital para uma maquete abstrata não representou a fundação de um projeto de futuro, mas a perpetuação do poder sendo exercido a partir da ilha da fantasia.
Fonte: Future City.
Comentário típico de álguém que não conhece brasília.
ResponderExcluirMuito interessante sua seleção de fotos.
Nossa que post triste...
ResponderExcluirComo vc pode afirmar que Bsb é uma cidade sem passado, se ela é a expressão do passado de todos que para lá foram, para dar forma a uma cidade, e dos que lá vivem, e fazem da cidade um espaço de convivência.
O problema da cidade é que todo país dá aos brasilienses o castigo de conviver com os políticos eleitos nos diversos estados.
A culpa não é da cidade, ou dos "ares" de Bsb, como costumam dizer por aí... o problema reside na nossa incompetência em escolher quem nos representará no poder.
Naná
Candanga de corpo e ALMA
Realmente típico de alguém que não conhece Brasília. Deixar a Capital do Brasil no Rio de Janeiro????!! Nunca. Brasília como toda grande cidade tem seus problemas! A "Ilha da Fantasia" é formada por políticos vindo de TODOS os Estados do Brasil através dos nossos votos.
ResponderExcluirAo contrário do que você poderia pensar Rodrigo, conheço Brasília e não gostei nada do que vi. Uma cidade artificial não feita para humanos fora dos seus carros, uma cidade sem espaços públicos aconchegantes, uma cidade sem bancos, uma cidade sem árvores.
ResponderExcluirPorque os nossos políticos ladrões e corruptos não fizeram a capital em Goiânia? Já estava pronta, só que não teria sido necessário alimentar uma gigantesca máquina de corrupção que se viu na construção de Brasília.
Brasília é uma excrecência que nenhum país teve coragem de construir para si próprio, só o Brasil, o gigante adormecido em berço esplêndido. "Brasília o lugar mais distante de TODOS os brasileiros", foi o que disse um brasiliense quando estávamos tentando marcar um local para uma assembléia nacional. Se você quiser fugir do Brasil, vá para Brasília e afunde na utopia que o nosso poder quimérico criou.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom mesmo! Parabéns!
ResponderExcluirFinalmente Brasília foi decifrada a partir de um enfoque humanista e original.
A questão do passado é séria, pois o passado de Brasília é o passado dos habitantes vindo de cantos remotos do país, nordeste principalmente. Essas pessoas tinham (e têm) uma cultura muito arcaica e tradicionalista, herdada de usos e costumes do Brasil colônia, que até hoje vigoram no Nordeste. De repente se viram mergulhados nessa utopia de uma cidade do futuro. Isso subiu à cabeça, tornando as habitantes tão presunçosos quanto superficiais, por morar da Capital do Brasil. Há muita ostentação e superficialidade, tudo girando em torno de interesses fúteis.
Naturalmente há uma inveja incontida de SP. Pois SP transborda aquilo que Brasília mais ambiciona: modernidade e progresso de fato, e não utópico.
Não sou de SP nem do RJ, conheço Brasília, já fui várias vezes para lá a trabalho e também por "prazer" (fazer shows). Acho horrorosa essa cidade, parece que não foi feita para as pessoas morarem nela. Concordo 100% com o post.
ResponderExcluirq merrrddaaa de post. post burro! ¬¬'
ResponderExcluire alguns comentários tbm n são dos melhores..."cidade sem árvores"? putz!
q meeeeeeerrddaaaa de post!
ResponderExcluire alguns comentários tbm n são dos melhores: "cidade sem árvores"?? q??
típica visão de quem n sabe olhar, mas se vangloria de conseguir achar qualquer coisa besta pr ter como opinião...q brega.
'Ces querem saber o que e Brasilia? Mausoleu hibrido da deserto de Nazca com Tenochtlitan. Da uma olhadinha nas fotos dos tres lugares e voces vao ver onde e que os arquitetos arrumaram inspiracao. Alias, o Oscar Niemeyer gostava tanto de Brasilia que nunca se mudou do baita apartamento que tinha ali em frente da Av. Atlantica em Copacabana.
ResponderExcluirO Arruda fez questão de confirmar todas as minhas aversões sobre Brasília. Depois dele, não tenho mais palavras.
ResponderExcluirConscientes mesmo sao as pessoas de Sao Paulo e Rio que elegem Tiririca, Clodovil , Romario, Mario Juruna e por ai vai...
ResponderExcluirBrasília está de parabéns por ter banido por ora a família Roriz.
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