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2 de out. de 2008

Destino final de todos os veículos do Ônibus Espacial Soviético Buran-Energia.

1- Veículo espacial OK-GLI – O modelo que participou de shows aéreos foi para a Austrália, depois foi transportado para Baren e finalmente arrematado pelo museu Speyer da Alemanha, onde a partir de 2/10/2008 começou a ser exibido ao público.
Construído em 1984, o OK-GLI foi o equivalente russo da versão avião do ônibus espacial americano (modelo para vôos reais na atmosfera terrestre, que possibilitam testes aerodinâmicos). Diferentemente do congênere americano que era lançado de um Boeing 747 modificado, o OK-GLI tinha seus próprios jatos e era capaz de decolar e pousar como um avião.

O OK-GLI tinha a mesma aerodinâmica, centro de gravidade e propriedades inerciais do modelo orbital. A única diferença foi a adição de turbinas AL-31F inclinadas em 4 graus em relação ao eixo horizontal da aeronave.

Este simulacro era equipado com os mesmos sistemas do veículo real, bancos ejetáveis, sistema de navegação, sistema de aceleração e sensores de temperatura. Este modelo era transportado pelo super-avião Atlant VM-T para o procedimento de testes dinâmicos do conjunto VM-T/ônibus e o sistema de acoplagem do ônibus.

Os vôos deste modelo se realizaram em velocidades subsônicas, para o desenvolvimento dos sistemas que permitiram o pouso automático do Buran Orbital. O OK-GLI participou de muitos shows aéreos, especialmente no MAKS de março de 2000. Depois ele foi enviado para Sidnei-Austrália por navio, para fazer parte de exibições por cerca de 2 anos, a começar pelas Olimpíadas que se realizaram em 2000 naquela cidade.

Depois disto, o Buran fez um grande tour pelas cidades australianas e pelo sul da Ásia, quando foi transportado para o reino de Baren no oriente médio, para participar de uma exibição que jamais aconteceu. No deserto, o OK-GLI ficou até 2004, quando foi finalmente vendido para o Museu Técnico Speyer, localizado em Sinsheim, um pequena cidade do sul da Alemanha. Afortunadamente, o Buran recomeçou a sua carreira pública em 2 de outubro de 2008, depois de uma longa viagem desde os desertos do golfo pérsico, por navio, por barco descendo o rio Reno, até o seu destino final no Museu Speyer.

2- Veículo OK-TVA – Alocado num parquinho de diversões do Parque Gorky de Moscou.
O modelo OK-TVA foi construído para a realização de testes térmicos, mecânicos e acústicos. Os testes térmicos foram feitos num hangar equipado com 10.000 lâmpadas de quartz, que variavam a temperatura ambiente entre 150°C e 1.500°C, simulando assim os limites de estresse térmico que a espaçonave experimentaria desde a terra ao vácuo espacial e as severas condições da reentrada na atmosfera.

Os testes mecânicos eram realizados num hangar de 423 m2, que consistia em aplicar sobre a superfície das estruturas do nariz, asas, estabilizador vertical e fuselagem uma força de 8.000 kN horizontamente e 2.000 kN verticalmente, ou seja, submetendo a fuselagem 90% da força necessária para a sua ruptura. Os testes acústicos forçaram os engenheiros a redesenhar a estrutura da espaçonave, a camada isolante térmica, os seladores da fuselagem e os sistemas de isolamento de som. Cabe lembrar que foi dinheiro desperdiçado, porque o Buran nunca foi tripulado.

Desde 1997, o OK-TVA ficou estacionado no parque Gorky de Moscou, mais precisamente, dentro de um parque de diversões. Na sua base foram instalados braços mecânicos que simulam movimentos, simulando um pouco das sensações de falta de peso de um vôo espacial. Os freqüentadores que pagam pela “viagem”, assistem a um filme de 10 minutos que contém cenas do vôo real. Porém, tal show não atraiu tantos interessados como havia sido previsto e os donos do parquinho entraram em dificuldades financeiras. Posteriormente, o modelo foi pintado como se fosse o Buran OK-1.01, o único que foi para o espaço. Por isto, há muitas confusões entre os diversos modelos.

3- Veículo Espacial OK-M – estacionado (ou abandonado?) ao ar livre nos arredores de Baikonour.
Este modelo foi construído em Moscou em 1982 para a realização de testes térmicos e mecânicos. Posteriormente ele foi renomeado OK-ML-1 e transportado para Baikonour-Cazaquistão pelo avião cargueiro Atlant VM-T para proceder a testes de integração com o foguete Energia. A princípio, ele teria sido usado num primeiro teste de vôo atracado ao Energia e teria sido destruído na reentrada da atmosfera, mas isto não aconteceu.

Atualmente ele está na zona 2 perto do museu de Baikonour, depois de ter estado abandonado por anos numa área conhecia como zona 254. Ele é visitado por crianças de escolas locais. As autoridades de Baikonour pretendem realocá-lo num monumento no perímetro da cidade, mas têm esbarrado na dificuldade do tamanho do ônibus espacial, que torna impossível o seu deslocamento através de uma ponte existente no caminho.

4- Veículo Espacial OK-MT – Está armazenado num hangar de Baikonour.
Foi construído em Moscou em 1983 para o desenvolvimento de tecnologias, preparação de documentação, sistema de suprimento de gás nos tanques, sistemas herméticos de segurança, portas de entrada/saída da tripulação, pesquisas de interesse militar, manutenção e manuais de vôo.

Depois de concluídos os testes, ele foi renomeado para OK-ML-2 e transportado para Baikonour via aérea pelo avião Atlant VM-T, onde foi usado para testar a operação de sistemas de interface com o foguete Energia. Inicialmente este modelo deveria ter sido usado para o segundo vôo do Energia e teria sido destruído na reentrada na atmosfera. Porém, as coisas não caminharam assim e ele, assim como seu irmão mais velho OK-ML-1, permanece hoje em Baikonour ao lado do Ptichka(OK-1.02), no hangar 80, Área 112A.

5- Veículo Espacial OK-TVI – Está em NIIKhimMash, Moscou.
Foi outra maquete de testes que não se sabe muito sobre ele. Foi construído inicialmente para testes térmicos e herméticos. Ele foi submetido à limites extremos de temperatura e pressão. O hangar de testes de 700 m² era equipado com 132 lâmpadas de radiação solar para testar o comportamento da estrutura do ônibus às radiações solares.

6- Veículo Buran OK-1.01 – O único Ônibus soviético a entrar em órbita, foi destruído em 2002 no desabamento do Hangar 112 em Baikonour-Cazaquistão.
O veículo 1.01 é o mais famoso, pois foi o único Ônibus Espacial Reutilizável Soviético a ter entrado em órbita. A construção deste Buran foi o primeiro de uma série de 5 veículos começados em 1986, dos quais apenas 2 foram completados.

Construído quase na sua totalidade em Moscou, ele foi transportado para Baikonour por avião. Inicialmente o seu nome era Baikal (tufão), mais tarde mudado para Buran (tempestade de neve), semanas antes do primeiro vôo. Em 15 de novembro de 1988 ele fez o seu único vôo solo que consistiu em 2 giros ao redor da terra, ao final dos quais reentrou na atmosfera e fez um pouso perfeito no aeroporto do cosmódromo, numa pista de 5 Km especialmente feita para a ocasião. No ano de 1989 ele foi mandado para Paris, para uma exibição aérea, transportado pelo Antonov 225.

O Buran ficou armazenado por vários anos no hangar 112 isolado termicamente atracado ao veículo lançador Energia, o mesmo veículo que foi usado para testes de interface com a maquete OK-MT. Em maio de 2002, o telhado do hangar desabou e destruiu o Buran acoplado ao lançador Energia, matando 7 pessoas.

7- Veículo Ptichka OK-1.02 - Está em Baikonour.
O modelo 1.02 construído em 1988, foi o segundo veículo de uma série de 5, apelidado de Ptichka, que em russo significa pequeno pássaro, ou Buria, que significa “tempestade”, não foram nomes oficiais.

O Ptichka estava quase pronto quando o projeto Energia-Buran foi interrompido em 1993. Estava quase finalizado, de 95 a 97%, faltando apenas alguns instrumentos eletrônicos. Este foi o único Buran equipado com sistemas de suporte humano. O seu primeiro vôo estava planejado para acontecer em 1993, afim de se conectar à estação espacial MIR, em vôo automatizado. Porém, esta missão jamais aconteceu, já que os futuros lançamentos de abastecimento da MIR foram realizados pelo Ônibus Espacial Americano. O Ptichka é atualmente propriedade do Cazaquistão.

O Ptichka, assim como o Buran, foram armazenados no complexo MIK do antigo cosmódromo Soviético localizado em Baikonour.

8- Veículo Espacial OK-2.01 – Nunca completado, foi desmontado e enviado para um ferro-velho.
O terceiro Ônibus Espacial da série estava em construção, quando o projeto foi descontinuado em 1993. Este modelo foi o primeiro da segunda geração, que havia incorporado algumas importantes modificações em relação ao Buran 1.01. Tais melhorias se concentraram no cockpit. Quando o projeto terminou, o veículo havia estava de 30 a 50% completado. Depois de anos estacionado na fábrica Tushino, nos arredores de Moscou, ele foi removido em 2004 para um ferro-velho automotivo.

9- Veículo espacial OK-2.02 – Foi demolido e algumas peças podem sem ser compradas pela Internet.
O quarto modelo da série também teve a sua fabricação interrompida em 1993, tendo sido completado de 10 a 20%. Depois que o orçamento do projeto foi cortado, o veículo espacial permaneceu no pátio da fábrica Tushino durante anos. Recentemente ele foi completamente desmontado e removido para fora do hangar. As placas do seu isolamento térmico foram removidas e encontram-se atualmente disponíveis para venda na Internet.

10- Veículo Espacial OK-2.03 – Desmontado e extinto.
O quinto veículo da série foi a última unidade do projeto Buran-Energia a ser parcialmente construída. Ele foi completamente desmontado e nada restou dele.

Fonte:
Buran-Energia.

3 comentários:

  1. Juliano Wagner25/10/2009, 14:52

    Meu deus, triste é apelido... Que coisa, é de cortar o coração. os Burrocratas russos, corruptos, enterraram devez um projeto magnífico que poderia estar substituindo o americano, visto que é complexo demais em construir um novo. Além de burros são orgulhosos demais, para vender a tecnologia. Quem sabe um país forte como a China pode levantar pelo menos o energia.. ah por favor não me venham falar de brasil aqui..

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  2. Juliano, graças à derrocada do Buran, agora o Space Shuttle está em vias de aposentadoria. Se o ônibus russo tivesse vingado, a história teria sido diferente.

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